O toque do celular de Matheus foi um vibração curta e seca, um sinal, não um som. A tela iluminou-se com uma mensagem de Ian: um endereço de GPS e uma única palavra: CONFIRMADO.
Era um conjunto de galpões industriais enferrujados, na linha tênue entre dois estados, um lugar de ninguém. A noite era escura, sem lua, e o vento frio assobiava entre as estruturas de metal, carregando o cheiro de óleo velho e desolação. Matheus, Carla e dois homens da equipe tática de K — homens silenciosos, com movimentos econômicos — observavam a fachada do galpão número três a partir da cobertura de um depósito adjacente.
Através de uma luneta térmica, o cenário era claro: uma única assinatura de calor, oscilante e nervosa, dentro do galpão. E uma outra, menor, quase imóvel, próxima.
— É ele. Sozinho — sussurrou um dos táticos, Leandro. — A menina está viva. Imóvel, mas viva.
Matheus não precisava do equipamento para saber. Sentia no ar, na corrente de ódio e desespero que parecia emanar daquele lugar. E