Narrado por Zeus Marino
A manhã veio como tapa: cinco mensagens simultâneas, dois telefonemas não atendidos e um e-mail do nosso principal operador logístico com a frase que nunca se quer ler — “suspensão temporária de operações por risco associado”. Foi a confirmação de que a primeira pedra que eu atirei tinha feito mais do que guinchar: tinha aberto um buraco na superfície onde os barcos nadavam.
Sentei no canto do meu escritório olhando para o mapa com um peso novo no peito. Não era só números que estavam em jogo; era ar. Era a possibilidade concreta de que, se cortassem o fluxo, a casa tivesse de engolir contratos até empurrar gente para fora. Fecharam o retentor, e a correnteza começou a cavar.
Ares entrou sem bater. Carregava o jornal do dia e uma cara que sugere contas sendo feitas na cabeça — a dele sempre é assim: um cálculo que só toma forma entre o que diz e o que escreve.
— Eles começaram a espalhar medo — disse, indo direto ao ponto. — O corretor do porto principal marcou