Narrado por Zeus Marino
Acordei com a casa ainda úmida do orvalho, aquele silêncio que sabe guardar pressa. Não tive cerimônia com o espelho; vesti o que era preciso e fui direto ao escritório. O cartório era um nó de horas a menos de carro — um lugar pequeno, com papeis e carimbos guardando destinos. Tudo medido, sem plateia. Só eu, Léa, duas testemunhas leais e um advogado com cara de quem entende que a lei também é território.
Peguei a mão dela antes de entrarmos. Era um gesto raso, quase protocolar — mas senti o impulso de fazê-lo. Ela sorriu, tensa, com os olhos ainda marcados pela noite mal dormida. Luc estava com a Elza, a governanta, dormindo num berço que eu havia mandado ajeitar no quarto que virou ninho. Deixamos a criança longe das formalidades; queria que a primeira memória pública de nosso nome não tivesse plástico de cerimônia.
No cartório, a funcionária leu as cláusulas com a voz roteirizada. Assinamos. O papel registrou mais que um nome; registrou a decisão. Quando p