Narrado por Ares Marino
A casa está viva de novo.
Não com o som da guerra, mas com o barulho leve da vida — risadas ecoando pelos corredores, passos apressados no mármore, o tilintar de taças se encontrando num brinde sem medo. O sol atravessa as janelas abertas e banha o salão com um tom dourado que parece paz. Há muito tempo não víamos isso: luz sem ameaça, silêncio sem tensão.
Zeus está sentado na poltrona de couro, o rosto relaxado, algo raro nele. Os ombros já não carregam o peso de decisões que valem vidas. Apolo está jogado no sofá, rindo alto de uma história qualquer, o mesmo sorriso de quando éramos moleques correndo pelo cais. Eu, de pé entre eles, com uma taça na mão, observo a cena e deixo o peito afrouxar. É estranho perceber que o mundo continua girando mesmo depois que a guerra termina. Mais estranho ainda é perceber que nós também continuamos — inteiros, mesmo com as cicatrizes.
Há tempos juramos que não haveria descanso. Que o nome Marino era feito apenas de aço, sang