Narrado por Marcos
Bati a porta do meu apartamento com força. O cheiro de mofo misturado a cigarro impregnava tudo, mas eu já tinha me acostumado. Era o cheiro da derrota. O rastro podre que ficou da vida de luxo que eu perdi — por culpa dela, da Isabella.
Aquela ingrata.
Veio da Itália me jurando amor, se dizendo apaixonada, toda puritana, e depois começou a querer dar opinião em tudo. Como se ela tivesse o direito. Como se eu fosse um qualquer.
Não sou.
Eu sou Marcos Almeida.
Homem de palavra. Jogador de risco. Apostador de coragem.
Azar que perdi tudo.
Azar que vendi tudo.
A culpa foi da sorte, não minha.
E, no fim, ela até me ajudou.
De um jeito ou de outro.
Quando vi que não tinha mais pra onde correr, que os cobradores estavam batendo na minha porta querendo arrancar pedaço, a solução caiu no meu colo: a Isabella.
Linda, jovem, italiana... valia ouro.
Valia mais no leilão do que comigo.
Então vendi.
Simples assim.
Vendi a mulher como se vende um relógio de luxo no fundo de um ba