Narrado por Ares Marino
O sol ainda não havia terminado de nascer quando Domenico entrou no meu escritório com o rosto tenso e um envelope na mão. Isso, por si só, já era sinal de problema. Domenico nunca mostrava tensão. A não ser quando o inferno estava prestes a se abrir.
— Fala. — pedi, sem tirar os olhos dos papéis da minha mesa.
Ele hesitou por dois segundos.
— O advogado acabou de voltar da casa do ex-marido da Isabella.
Levantei os olhos.
— E?
Domenico jogou o envelope na mesa. Dentro, os documentos de divórcio que deveriam estar assinados.
— O desgraçado recusou.
Fechei a pasta devagar, o maxilar travado. A raiva não vinha como explosão em mim. Ela vinha em silêncio, gélida, como uma onda que devora aos poucos.
— Por quê?
— Disse que não vai assinar sem receber dinheiro. Disse que se quiserem a liberdade legal da Isabella, vai ter que ser comprada. De novo.
— Ele sabe com quem está lidando?
— Sabe. O advogado informou que foi um dos irmãos da família Marino que