Mundo de ficçãoIniciar sessãoAndreas é o Alfa dos Alfas, a criatura mais poderosa do mundo licantropo, o rei absoluto entre os lobisomens — ou matadores, como alguns preferem chamar. Durante muitos anos, ele manteve sua espécie escondida dos humanos. Às vezes, permitia que seus lobos se casassem com humanos apenas como distração, mas, no fundo, o ódio que Andreas nutria pela humanidade era implacável. Esse ódio era tão intenso que o levava a matar qualquer lobo que ousasse se unir de verdade a um humano, mesmo que esse fosse o seu companheiro destinado. Para sobreviver, os lobos precisavam rejeitar suas companheiras humanas ou encarar a morte certa pelas mãos de Andreas. Mas a Deusa da Lua, cansada de sua crueldade, decidiu puni-lo. Como vingança, amaldiçoou o Alfa, tornando uma humana sua verdadeira companheira. Agora, Andreas terá de enfrentar o destino: aceitará essa mulher ao seu lado ou preferirá matá-la para manter sua honra e seu ódio intactos? E se essa humana, chamada Anabela, for justamente a única capaz de despertar o coração selvagem do lobo mais temido do mundo?
Ler maisOs gemidos da loba ecoavam pelo quarto, misturados a súplicas.
Caminhei até o banheiro. Antes de fechar a porta, lancei meu desprezo:
— Quero você fora do meu quarto. Já fez o seu trabalho, me fez gozar. Agora, cai fora — falei com meu tom de alfa, forte o suficiente para fazer qualquer loba na face da Terra me obedecer.
A jovem se levantou às pressas, chorando, com sangue escorrendo por entre as pernas, e saiu do meu quarto.
Tamires chegou para o jantar quase às nove horas.
Saí dos pensamentos quando meu beta entrou apressado na sala.
— Temos um problema, Majestade — disse, curvando-se diante de mim.
— Deve ser algo grave para não usar o elo mental e vir me contar pessoalmente — respondi, irritado.
— O Delta Marcos encontrou sua companheira... ela é humana — disse ele, aflito.
Todos ao redor silenciaram, atentos à conversa. Falei com tranquilidade:
— É só ele rejeitá-la e tudo ficará bem. Não é culpa dele ter uma companheira lixo. A culpa é da Deusa da Lua, que acha que pode nos controlar.
Voltei minha atenção aos convidados.
— Ele... não vai rejeitá-la — murmurou.
— Como assim ele não vai rejeitá-la? — perguntei, estreitando os olhos.
— Ele sabe qual é a pena, meu rei. Mesmo assim, está disposto a aceitar — disse, com pesar.
— Prendam ele. Levem-no ao centro da alcateia junto com a humana.
Cheguei ao centro da alcateia com Tamires e seus pais.
O lugar havia sido feito para execuções e punições severas — não apenas de nossa alcateia, mas reconhecido por todo o mundo sobrenatural.
Não me tornei rei sendo bonzinho.
Na nossa sociedade, não havia espaço para lobos fracos.
E se havia algo que eu odiava mais do que fraqueza, eram humanos.
Me aproximei dos prisioneiros. Os membros da alcateia gritavam, sedentos por sangue.
— Última chance de se arrepender. Rejeite essa humana e mate-a. Seus crimes serão perdoados.
A humana me olhou com os olhos arregalados, cheios de medo.
— Caso não faça isso, sua morte será lenta e dolorosa — completei, incitando a multidão a gritar com euforia.
— Me desculpe, meu rei… mas não posso rejeitar minha companheira. Aceito minha punição — disse Marcos com coragem.
A multidão xingou, vaiou, mas ele manteve a cabeça erguida.
— Como desejar — declarei.
Assim que pronunciei as palavras, um vento frio atingiu meu corpo. Raios cortaram o céu, fazendo toda a alcateia tremer.
Meu lobo, Lupe, falou em minha mente:
— Pare, Andreas! Você deixou a Deusa da Lua irritada!
Ele falava com medo. Isso me fez rir.
— Lobo pulguento... achei que você fosse a criatura mais temida do mundo — zombei.
— Não seja idiota, Andreas! A Deusa da Lua pode nos punir. Você não vai gostar disso! — insistiu.
Revirei os olhos.
Continuei a execução.
As pessoas pararam de aplaudir. Um silêncio mortal tomou conta do lugar.
Primeiro, as pernas.
A humana gritou, implorando para morrer no lugar do companheiro.
Depois, os braços.
Antes do golpe final, ele olhou para a humana e disse:
— Te vejo na próxima vida.
Então, cortei sua cabeça.
O estrondo que veio depois sacudiu toda a arena.
Foi quando o céu escureceu completamente e a voz da Deusa ecoou no ar, cheia de fúria:
— Rei Lykaios... você foi avisado. Agora arcará com as consequências.
Ponto de Vista de AnnabelleO jardim do refúgio sempre foi um dos meus lugares favoritos. Mesmo antes de me tornar rainha, eu costumava caminhar entre as flores como uma fugitiva em busca de paz. Hoje, porém, pela primeira vez em muito tempo, eu não estava fugindo de nada. Estava apenas… vivendo.A brisa da manhã trazia o cheiro das flores silvestres, do orvalho recém-caído e da magia que sempre se espalhava por este lugar. O sol dourado tocava as pétalas com delicadeza, iluminando os caminhos de pedra, os arcos cobertos de trepadeiras e os bancos antigos onde tantas histórias já foram contadas.E foi ali, observando minha família reunida, que percebi como meu coração estava cheio.Bernardo caminhava pelo gramado com Ema, que ainda parecia perdida entre fascínio e irritação — mas o olhar que lançava para meu filho dizia tudo. Ele segurava a mão dela com cuidado, como se segurasse algo raro, precioso. E de certa forma… era isso mesmo. Minha nora.Alice estava agarrada ao braço de Benja
Ponto de Vista de AndreasEu sempre achei que já tinha visto de tudo. Guerras entre reinos, traições de conselheiros, batalhas sangrentas, nascimentos, mortes… Mas nada me preparou para o que senti quando minha filha entrou na sala de reunião com a aura da deusa queimando em volta dela como um sol. Não foi só Annabelle que ficou aterrorizada. Eu também fiquei. Só que diferente dela… eu não podia me deixar cair.Sou rei.Sou pai.Sou companheiro.E naquele dia, eu tive que escolher qual desses papéis precisava da minha força primeiro.Annabelle desabou, tremendo, chorando, seu instinto materno quebrado ao ver a filha consumida por Selene outra vez. Enquanto todos no conselho se ajoelhavam, enquanto os alfas tremiam e os vampiros não ousavam respirar, eu só conseguia olhar para o rosto da minha menina — o rosto dela — escondido atrás do brilho da divindade.Medo.Medo puro.Medo de perder quem eu amo.Mas eu não podia demonstrar.Então, fiz o que um rei faz: ergui Annabelle e a leve
Ponto de Vista de AnnabelleAcordei com um sobressalto, o coração batendo acelerado, a respiração presa no peito como se eu tivesse corrido por horas. Por um momento, não entendi onde estava. O teto familiar do meu quarto me encarava de volta, silencioso, enquanto a luz suave da manhã entrava pelas cortinas. Levei alguns segundos para perceber que não estava mais naquele campo de flores… que a menina de cabelos brancos e olhos prateados não corria mais na minha direção chamando “mamãe”.Mas, mesmo assim, algo dentro de mim estava diferente.Havia paz.Eu não sentia isso desde que Mara nasceu — desde que Selene tomou posse do corpo da minha filha pela primeira vez. Sempre temi que cada manifestação tirasse um pedaço da humanidade dela, que um dia Mara desapareceria por completo e se tornaria apenas… a deusa. Mas o sonho — ou talvez visão — me trouxe algo que eu nunca achei que teria: a certeza de que minha filha ainda estava lá.Ela tinha falado comigo. Tocado meu rosto. Me abraçado co
Ponto de Vista de AnnabelleSaí do quarto onde minha filha dormia ainda pálida, o peito subindo e descendo devagar, como se cada respiração exigisse força demais. Meus olhos ardiam e o peso que carregava no coração parecia me afundar. O corredor estava silencioso, mas dentro de mim tudo era caos. A imagem de Mara tomada pela força divina, aquele brilho prateado rasgando o ar, ainda queimava na minha mente como um sol impossível de esquecer.A porta se fechou atrás de mim e senti minhas pernas fraquejarem por um instante. Eu me apoiei na parede fria, respirando fundo, tentando não desmoronar ali mesmo.— Anne... — Andreas chamou suavemente, aproximando-se. Seus passos eram cautelosos, como se qualquer coisa pudesse me quebrar no meio.Eu não queria ouvir sua voz. Não queria consolo, nem palavras bonitas, muito menos racionalidade. O mundo inteiro tinha acabado de ruir dentro de mim.— Me deixa, Andreas — pedi baixinho, apertando os lábios para conter o choro que ameaçava sair de novo
Ponto de Vista de AnnabelleEu sempre soube que um dia minha família seria testada. Ser rainha de uma alcateia poderosa carrega um peso que nenhum livro prepara, que nenhuma história realmente explica. Mas, naquele dia, na reunião do Conselho, percebi que nada — absolutamente nada — me preparou para o que presenciei.Eu não estava com medo da deusa.Eu estava com medo de perder minha filha.Quando Mara entrou na sala de reunião usando a forma dela — a forma da Deusa Selene — meu coração simplesmente parou.Não foi a força que me assustou.Não foi a aura branca como luz de lua cheia.Nem a pressão tão intensa que fez alfas, vampiros e bruxas caírem de joelhos em questão de segundos.Foi o olhar.Os olhos que antes eram da minha filha, brilhando com mischief, charme e rebeldia… agora eram dois sóis prateados, frios, imortais. Olhos que não pertenciam à garota que eu pari. Olhos que pertenciam à força mais antiga do mundo sobrenatural.E naquele momento eu entendi, com uma dor que quas
O silêncio que permaneceu na sala do Conselho depois da aparição da Deusa Selene não era apenas silêncio. Era um vazio pesado, sufocante, como se o ar tivesse sido drenado e substituído por uma sombra antiga que ainda se agarrava às paredes.Ninguém sabia o que dizer.Ninguém ousava sequer respirar fundo.Era como se a própria lua estivesse observando, esperando, julgando.Os líderes que momentos antes gritavam, discutiam e exigiam punições, agora evitavam até olhar uns para os outros. Os vampiros mantinham a postura rígida, mas seus olhos estavam dilatados em puro terror. As bruxas murmuravam orações baixas, tentando se ancorar depois de sentir a força primordial que atravessou o corpo de Mara. E os alfas… aqueles que deveriam ser os pilares da força lupina, mal levantavam o olhar do chão.Todos tinham entendido a mesma coisa:A deusa está no mundo. E ela está acordada.Mas entre todos naquele salão, ninguém ficou tão abalada quanto Alice e Ema.AliceAlice ainda segurava a mão de B





Último capítulo