Os gemidos da loba ecoavam pelo quarto, misturados a súplicas.
Caminhei até o banheiro. Antes de fechar a porta, lancei meu desprezo:
— Quero você fora do meu quarto. Já fez o seu trabalho, me fez gozar. Agora, cai fora — falei com meu tom de alfa, forte o suficiente para fazer qualquer loba na face da Terra me obedecer.
A jovem se levantou às pressas, chorando, com sangue escorrendo por entre as pernas, e saiu do meu quarto.
Tamires chegou para o jantar quase às nove horas.
Saí dos pensamentos quando meu beta entrou apressado na sala.
— Temos um problema, Majestade — disse, curvando-se diante de mim.
— Deve ser algo grave para não usar o elo mental e vir me contar pessoalmente — respondi, irritado.
— O Delta Marcos encontrou sua companheira... ela é humana — disse ele, aflito.
Todos ao redor silenciaram, atentos à conversa. Falei com tranquilidade:
— É só ele rejeitá-la e tudo ficará bem. Não é culpa dele ter uma companheira lixo. A culpa é da Deusa da Lua, que acha que pode nos controlar.
Voltei minha atenção aos convidados.
— Ele... não vai rejeitá-la — murmurou.
— Como assim ele não vai rejeitá-la? — perguntei, estreitando os olhos.
— Ele sabe qual é a pena, meu rei. Mesmo assim, está disposto a aceitar — disse, com pesar.
— Prendam ele. Levem-no ao centro da alcateia junto com a humana.
Cheguei ao centro da alcateia com Tamires e seus pais.
O lugar havia sido feito para execuções e punições severas — não apenas de nossa alcateia, mas reconhecido por todo o mundo sobrenatural.
Não me tornei rei sendo bonzinho.
Na nossa sociedade, não havia espaço para lobos fracos.
E se havia algo que eu odiava mais do que fraqueza, eram humanos.
Me aproximei dos prisioneiros. Os membros da alcateia gritavam, sedentos por sangue.
— Última chance de se arrepender. Rejeite essa humana e mate-a. Seus crimes serão perdoados.
A humana me olhou com os olhos arregalados, cheios de medo.
— Caso não faça isso, sua morte será lenta e dolorosa — completei, incitando a multidão a gritar com euforia.
— Me desculpe, meu rei… mas não posso rejeitar minha companheira. Aceito minha punição — disse Marcos com coragem.
A multidão xingou, vaiou, mas ele manteve a cabeça erguida.
— Como desejar — declarei.
Assim que pronunciei as palavras, um vento frio atingiu meu corpo. Raios cortaram o céu, fazendo toda a alcateia tremer.
Meu lobo, Lupe, falou em minha mente:
— Pare, Andreas! Você deixou a Deusa da Lua irritada!
Ele falava com medo. Isso me fez rir.
— Lobo pulguento... achei que você fosse a criatura mais temida do mundo — zombei.
— Não seja idiota, Andreas! A Deusa da Lua pode nos punir. Você não vai gostar disso! — insistiu.
Revirei os olhos.
Continuei a execução.
As pessoas pararam de aplaudir. Um silêncio mortal tomou conta do lugar.
Primeiro, as pernas.
A humana gritou, implorando para morrer no lugar do companheiro.
Depois, os braços.
Antes do golpe final, ele olhou para a humana e disse:
— Te vejo na próxima vida.
Então, cortei sua cabeça.
O estrondo que veio depois sacudiu toda a arena.
Foi quando o céu escureceu completamente e a voz da Deusa ecoou no ar, cheia de fúria:
— Rei Lykaios... você foi avisado. Agora arcará com as consequências.