Mundo ficciónIniciar sesiónLavínia Lancaster levava uma vida corrida, mas estável, como secretária particular de Allister Morgan, o herdeiro e CEO de uma das maiores indústrias do país. Tudo muda ao final de uma festa da empresa, quando Lavínia se torna alvo de um ataque brutal, vindo de criaturas que ela acreditava existir apenas em lendas: lobisomens. Salva por Allister, ela descobre que seu chefe não é apenas o homem mais poderoso que já conheceu... mas também uma dessas criaturas. E, contra todas as regras do próprio clã, ele promete protegê-la, mesmo que isso custe sua posição, sua honra e o controle sobre sua fera interior. Agora, Lavínia vive sob a vigilância constante de Allister, cercada por segredos, desejo e perigo. Ferida e indefesa, ela precisa confiar nele para sobreviver e resistir ao toque que a consome, aos beijos que a prendem e às carícias que despertam nela um sentimento tão intenso quanto proibido. Mas conforme o tempo passa, segredos vêm à tona e uma antiga profecia ressurge: a do Sétimo Alfa, uma lenda capaz de mudar tudo o que se sabe sobre os lobisomens… e sobre o próprio destino de Allister. O que Lavínia Lancaster tem a ver com essa profecia? Talvez, mais do que ela jamais poderia imaginar. Porque, sob a lua cheia, nada é mais perigoso do que um lobo apaixonado.
Leer másLavínia sente seus pés formigando no salto alto preto.
- Já não basta me sentir uma biscate usando esse vestido, ainda tenho que usar esses sapatos horrorosos... Ela resmunga enquanto abre a porta do banheiro. Ela se encara por alguns minutos no enorme espelho que tem bem na entrada do banheiro e depois de se admirar por alguns segundos, lembra de retocar a maquiagem. Lavínia não deixa de reparar no quanto está impecável em seu vestido preto longo de seda com uma enorme fenda na perna direita. O decote não é nada discreto e não deixa passar despercebido seu colo, que é adornado com um colar simples de safiras, que faz par com seus brincos e pulseira. A cor das joias ressalta seus lindos olhos azuis, quase tão intensos quanto o brilho daquelas joias. Seu cabelo preso em um coque no alto da cabeça, com uma franja lateral e alguns fios soltos, deixa à mostra seu elegante colo e pescoço. Mesmo se sentindo uma mulher vulgar, não pode deixar de reconhecer que está belíssima, talvez não seja a mais bela da festa, mas com certeza está entre as mais. Lavínia retoca o batom, ajeita o vestido e sai do banheiro sem ter um rumo certo. Está procurando Allister Morgan, seu chefe, o motivo de ter aceitado ir nessa festa, mas ele havia sumido. Ela conversa com alguns convidados e quando um garçom passa por perto, ela pergunta se sabe onde Allister está e ele indica o escritório no segundo andar. Ela respira aliviada e se pergunta se deve ir até lá, já que ele pode estar em uma reunião. Já cansada e com os pés doendo, decide ir até ele e pedir que a leve para casa. Está ali desde as quatro da tarde e já são quase onze da noite. Ela sobe a longa escada em caracol e vai até o escritório, mas antes de bater na porta, escuta a voz de uma mulher. Os dois conversam baixo, dando risinhos irritantes, então Lavínia respira fundo e b**e na porta. Um longo silêncio se dá antes de Allister mandar entrar. - Com licença, senhor Morgan, estou atrapalhando? -Sim, esta! Fala logo o que quer! Ela percebe que ele está levemente alcoolizado e então olha para a mulher sentada no sofá de couro à sua frente. O batom dela está levemente borrado e ela tenta disfarçar um sorriso de canto de boca. - Desculpa, não tive a intenção de atrapalhar. O senhor poderia mandar o motorista me levar em casa? Preciso descansar para trabalhar amanhã... - Não se preocupe, você vai dormir aqui hoje! Ele fala de forma autoritária, deixando claro que ela não tem escolha. Lavínia olha para a moça sentada no sofá e percebe que ela não gostou nem um pouco do "convite" de Allister a ela. - Eu agradeço a hospitalidade, mas não posso aceitar. Prometi para minha mãe que estaria em casa antes do amanhecer e além do mais, não trouxe meu uniforme... - Se está com tanta vontade de ir embora, então dê seu jeito. Peça para algum dos convidados te levar, tenho certeza que alguns deles irão adorar fazer esse favor, só não esqueça que tudo tem um preço aqui... Ele diz sorrindo de forma maliciosa. Lavínia não acredita no que está ouvindo e sente a raiva tomando conta. - Está bem, senhor Morgan, darei meu jeito. Boa noite e até amanhã! Ela fecha a porta e ouve ele dar uma gargalhada, o que a deixa com mais raiva ainda. Decidida a ir embora com ou sem a ajuda dele, calcula mentalmente quanto tempo levaria até a vila mais próxima. A fazenda Morgan não é longe da cidade grande e entre a fazenda e a cidade existe um pequeno vilarejo onde moram os funcionários da fazenda. Ela decide ir até lá, mesmo que para isso tenha que andar alguns quilômetros com aquele salto insuportável. Decidida a mostrar que não precisa dele, pega a bolsa e sai sem ninguém perceber. Com a lanterna do celular ligada, começa a caminhar pela estrada de terra batida. A mata à sua volta está silenciosa e por um longo tempo ela escuta apenas o vento batendo nas árvores, que balançam levemente. Criada naquelas terras e acostumada a caçar com seu pai, ela não sente medo, na verdade se sente até bem. Sem suportar mais a dor que o salto alto lhe causa nos pés, decide tirar e ir descalça até onde conseguir. Ela solta um suspiro quando sente a terra fria entre seus dedos doloridos, mas antes que possa começar a andar novamente, escuta um barulho de galho quebrando. Por um momento acredita ser coisa da sua cabeça, mas mesmo assim decide apressar o passo. Enquanto se pergunta quanto ainda tem que andar para chegar ao vilarejo, escuta mais galhos quebrando. Dessa vez não era um, mas vários em sequência, deixando claro que ela não está sozinha. Sem saber o que fazer e com o pânico crescendo em seu peito, vira para trás e aponta a lanterna para ver de onde vem o barulho. Ela acredita que irá ver um animal noturno e começa a rezar para não ser nem um lobo ou onça, mas o que vê é muito maior. À sua frente estão três seres enormes de pelagem marrom que brilham com a luz da lua, cada um medindo entre dois metros e dois metros e meio. Seus olhos vermelhos ficam ainda mais nítidos com a luz da lanterna. Eles estão em pé, observando-a, suas enormes presas à mostra deixam claro que ela é a presa. Sem ter muito o que fazer, Lavínia vira e começa a correr, mas dessa vez em direção à fazenda, que está mais próxima que o vilarejo. No meio do caminho ela lembra de uma gruta que fica ali perto. Ela conhece essa gruta como a palma da sua mão e decide que é muito mais seguro ir até lá do que tentar chegar à fazenda. Ela larga o celular no chão na tentativa de não denunciar onde está e conforme seus olhos vão se adaptando à escuridão da noite, vai entrando mais fundo na floresta. Seu vestido longo começa a se enroscar nos galhos, dificultando sua corrida, então ainda em pânico e rezando para que eles estejam longe, ela para e rasga o vestido, mas logo se arrepende disso. Lavínia escuta um rosnado muito perto e quando olha para trás vê um deles, o maior, indo em sua direção. Ela começa a correr novamente e então avista a caverna, talvez sua única salvação. Ela conhece fendas onde se encaixa perfeitamente e quanto mais fundo ela for nessas fendas, mais difícil será para eles alcançá-la. Cheia de esperança, ela ganha forças e corre mais rápido, mas antes que possa chegar à entrada da caverna, algo se choca contra ela, jogando seu corpo longe, na direção oposta à caverna. Sem entender o que aconteceu, tenta se levantar, mas sente uma dor insuportável no pé. Mesmo com muita dor, tenta levantar e dar alguns passos, não vai se deixar vencer assim tão fácil. Sem conseguir ir longe, escuta o rosnado novamente e quando olha para o lado, vê novamente o que parece ser o líder deles. Atrás dele há mais dois, apenas esperando. Ela tenta se manter de pé, mas antes que possa fazer qualquer movimento, o ser a j**a longe novamente. Deitada no chão, com o corpo todo dolorido, ela desiste, sabe que não tem mais forças para lutar, então senta e escora as costas em uma árvore enquanto observa os três seres se aproximando devagar. Certa de que este será seu fim, ela fecha os olhos e pensa em seus pais e irmão. Gostaria muito de dizer uma última vez que os ama, de poder abraçá-los. Quando acredita que tudo está perdido, uma voz rompe o silêncio da noite. É Allister gritando seu nome. Ela olha para a direção de onde vem o grito e vê ele de pé. Allister está descalço, com a camisa aberta e os cabelos bagunçados. Mesmo que ele a tenha colocado nessa situação, a única coisa que consegue sentir vendo ele ali parado, olhando para aqueles três seres, é pânico. "Corre. Corre, senhor Morgan. Corra por sua vida." Lavínia pensa, mas quando abre a boca para falar, sua voz não sai mais que um sussurro. Allister olha para ela e ela vê desespero em seus olhos. Não desespero por ele, mas por ela. Uma genuína preocupação que nunca havia visto naquele homem, que sempre foi duro como uma rocha. Um dos seres fez menção de correr até Lavínia e ela olha para Allister, acreditando que ele será a última coisa que verá na vida, mas então algo inacreditável acontece. Um quarto ser aparece e j**a o maior deles contra uma árvore. Allister corre até ela e em uma cena digna de filme de fantasia, ele se transforma em um daqueles seres. A diferença é que ele é muito mais alto, seus olhos são totalmente brancos e sua pelagem é negra como a noite. Ele corre até ela e fica de pé em sua frente, de costas para ela. "Não, não, não, não. Isso não é possível, estou alucinando. É isso, bati a cabeça muito forte, estou alucinando." Ela diz enquanto observa aquele ser gigantesco em sua frente. Decidida a não ficar ali parada, começa a rastejar em direção à caverna enquanto uma luta é travada entre aqueles seres. Quando pensa que está segura e que vai conseguir chegar até a caverna, sente seu corpo sendo levantado no ar e jogado em direção às pedras. O choque de seu corpo com algo tão duro faz sentir como se todos os ossos do corpo tivessem se quebrado. Ouvindo apenas gritos e ainda muito atordoada, sente seus olhos escurecendo. Ao passar a mão na cabeça, sente algo molhado e quando olha para os dedos, vê sangue. Olhando à sua volta, vê-se deitada sobre uma poça de sangue, seu sangue. Sem conseguir aguentar mais a dor, começa a ter apagões. Entre um apagão e outro, vê Allister já em sua forma humana, mas totalmente nu. Eles estão dentro da caverna agora e ele tenta mantê-la acordada, porém sem sucesso. A última coisa que vê antes de apagar de vez é a copa das árvores. Allister está levando-a novamente para a fazenda, depois disso, tudo vira escuridão.Dois dias já haviam se passado desde a última visita de Allister. Desde então, os dias vinham se tornando tediosos e arrastados. - E se a gente for assistir a um filme? _ Gina sugere, animando todas com a ideia. - Primeiro precisamos saber se Allister concorda. Vocês sabem que eu não posso dar um passo sem a permissão dele _ Maya diz, e Lavínia sorri. - Eu tenho a permissão, está aqui… _ Lavínia tira o celular do bolso e põe para todas ouvirem um áudio que Allister havia mandado na manhã em que ele foi embora. “Nia, sei que ficar presa dentro desse apartamento vai te deixar entediada, então aproveita para conhecer a cidade. Vai ao shopping, ao cinema… Faça o que tiver vontade, só peço que siga três regras: não saia à noite, não vá a lugares com mata e não saia sem a Maya. De resto, pode fazer o que quiser.” Todas comemoram. - Que tal almoçar no shopping hoje? _ Gina pergunta, empolgada com a ideia. - Adorei! Faz tempo que quero comer um japonês… _ Lavínia sente a boca salivar s
Lavínia acorda com um suave cheiro de perfume masculino espalhado pelo quarto. Ela reconhece o aroma, mas por alguns segundos não consegue lembrar de onde. Até que o nome de Allister surge em sua mente como um soco, fazendo-a despertar completamente. Abre os olhos e se senta na cama e lá está ele, sentado ao seu lado. - Olá, dorminhoca! _ ele diz, com aquele sorriso que ela tanto sentia falta. Sem pensar duas vezes, Lavínia se lança em seus braços. Allister a envolve num abraço apertado, como se também sentisse toda a saudade que a atormentava. - Eu achei que você não viria! _ ela diz, emocionada. - Eu disse que daria um jeito! - Estou tão feliz de te ver aqui! Allister a abraça novamente, mas logo Adélia entra no quarto. - Filha, o café da tarde está pronto. Vamos comer? Você precisa se alimentar bem pra tomar seus remédios. - Pode deixar, Dedé. Eu levo ela até a cozinha_ responde Allister com um sorriso. Adélia concorda, satisfeita. Depois de se lavar e arrumar o cabelo,
Depois do almoço, Lavínia continuou na cozinha ouvindo Adélia e Gina contarem histórias de suas vidas enquanto organizavam o local.- Lembro-me da vez em que Allister cismou que queria seguir o irmão em uma caçada. Ele tinha apenas oito anos e Cassien estava completando 16. Era o rito de passagem de Cass, e Allister queria participar de qualquer jeito. _ Adélia senta-se enquanto Gina serve um copo de suco para cada uma. - Cansado de dizer que Allister não poderia ir junto, Klaus soltou o pequeno na mata, sozinho, de madrugada. Claro que ficou por perto, mas ainda assim foi aterrorizante. Allister desistiu de ir com o irmão, mas ficou tão traumatizado que levou anos para aceitar que lobos só caçam à noite.- Que absurdo. Ele era apenas uma criança... _ Lavínia diz, abismada com o que acabou de ouvir.- Sei que, para os humanos, isso pode parecer absurdo, mas nós, lobos, precisamos aprender a respeitar a hierarquia desde cedo. Muitas vezes, ela define nossa vida ou morte.- Por exemplo,
Lavínia acorda confusa. Sua boca está seca, denunciando que dormiu por muitas horas. Ela luta para abrir os olhos, mas eles continuam pesados e nublados, impedindo-a de enxergar com clareza.Ela permanece quieta, tentando despertar totalmente enquanto presta atenção a todos os sons ao seu redor e, ao mesmo tempo, tenta se lembrar do que aconteceu.Enquanto presta atenção aos barulhos ao seu redor, escuta a voz de três mulheres. Duas são desconhecidas, mas uma ela reconhece assim que ouve: Gina, sua enfermeira particular.Ainda de olhos fechados, ela se pergunta se voltaram para a fazenda. Então, as lembranças do hospital vêm de repente, como um soco que a desperta por completo.Ela se senta na cama e olha ao redor, percebendo que não está em lugar algum que conheça. Sentindo o desespero ameaçar tomar conta, grita por Allister, mas quem abre a porta é Gina.- Acordou, moça! Que bom, já estava começando a ficar preocupada.- Oi, Gina. Cadê Allister?Gina permanece em silêncio, e então u
Allister escuta o barulho de um carro se aproximando. Ele põe a camisa sobre o ombro e se esconde, olhando pela fresta da cortina. Quando reconhece o carro de Saulo, respira aliviado e abre a porta assim que o amigo estaciona em frente à casa.- Está tudo bem? Está muito ferido? _ pergunta Saulo, ao sair do carro.- Não, estou bem. Pode ficar tranquilo. Como ela está? _ Allister se aproxima do veículo.- Dormiu o caminho todo... Quando devo dizer a ela que você está vivo e bem?Allister é pego de surpresa com a pergunta e encara o amigo em silêncio.- Eu não sei... Talvez seja melhor ela pensar que eu morri. Pelo menos por um tempo.- Melhor pra quem? _ Saulo rebate, cruzando os braços. - A coitada está sofrendo muito. Você tem sido o amparo dela esse tempo todo... Acha mesmo que ela não criou sentimentos por você?As palavras do amigo o atingem em cheio, mas Allister permanece calado. Ele pega Lavínia no colo e a leva até o primeiro quarto da pequena casa de madeira que Saulo havia c
Lavínia aperta os botões do controle sem parar, trocando de canal incansavelmente. - Por favor, para com isso!Ela olha para o lado e vê Allister deitado de lado na cama de acompanhante. Ele esta com a roupa amassada, apenas de meia nos pés e cabelos bagunçados. - Desculpa... Estou entediada!- Eu também. Vamos dar uma volta pelo hospital?Lavínia fica animada com o convite, mas quando eles estão prestes a sair, Saulo entra no quarto.- Onde pensam que vão? _ Ele pergunta encarando Allister.- Estamos entediados, estávamos indo dar uma volta pelo hospital.- Pois podem tirar essa ideia da cabeça. Lavínia tem mais um exame agora. _ Ele sorri para Lavínia e ela afunda na cadeira. - Ok... Vamos lá!Eles andam pelo corredor enquanto conversam tranquilamente, mas em certo ponto Allister para e olha para trás.- Tem alguém aqui...Saulo também olha para trás.- Essa ala esta quase vazia, mas ainda tem alguns pacientes no corredor ao lado...- Não... Você sabe que não é disso que estou fa
Último capítulo