Lívia, uma jovem de alma curiosa e coração dividido, encontra seu refúgio nos livros e no mistério que a densa floresta de Havenwood esconde. Noiva de Daniel, um ambicioso e controlador humano que sonha em desmatar a floresta, sua vida parece ter um caminho já traçado. Mas quando a noite traz um uivo solitário, ela é arrastada para um segredo ancestral: a existência dos lobisomens. Seu destino se entrelaça com o de dois alfas, cada um carregando uma história e um fardo distintos. Kael, o líder do Bando da Lua Crescente, é um alfa justo e forte que procura sua companheira destinada para proteger e prosperar o seu povo. Já Silas, um lobisomem solitário com um passado doloroso, busca sua companheira para finalmente encontrar a paz que lhe foi tirada. O que eles não esperavam é que a companheira destinada fosse uma humana, Lívia. Presa entre o amor de sua vida, Daniel, e a atração incontrolável por Kael e Silas, Lívia se vê no centro de um triângulo amoroso que ameaça desvendar o segredo dos lobisomens e colocar em risco a frágil paz entre as espécies. Enquanto Daniel intensifica seus planos de exploração da floresta, Lívia precisa navegar por um mundo de lendas, lealdade e paixão. Ela terá que escolher não apenas entre dois lobos, mas entre o mundo humano que ela conhece e o destino que a floresta sempre sussurrou para ela. O que o coração de Lívia irá decidir e qual será o futuro de Havenwood e de seus habitantes?
Leer másA poeira dourada da tarde dançava nos feixes de luz que entravam pelas grandes janelas da biblioteca. Lívia sorriu, passando a mão pela lombada envelhecida de um tomo sobre lendas folclóricas. A biblioteca de Havenwood era o seu santuário, um lugar onde a imaginação florescia e o mundo exterior se dissolvia em sussurros de páginas viradas. Fora dali, a pequena cidade de montanha seguia sua rotina pacata, alheia aos segredos que as árvores guardavam.
Lívia sentia uma atração inexplicável pela floresta. Desde criança, ela ouvia o chamado, um sussurro que parecia vindo das entranhas da mata. Era uma melodia antiga, misteriosa, que a embalava e a convidava a se perder no verde profundo. Era esse mesmo chamado que a fazia se sentir tão viva. Contudo, ela mantinha essa paixão escondida. Seu namorado, Daniel, o filho do prefeito e futuro herdeiro de uma grande madeireira, via a floresta como uma mera fonte de lucro. Para ele, as árvores eram apenas recursos a serem derrubados, e a "conexão mística" que Lívia sentia não passava de uma fantasia infantil. Naquele dia, Daniel estava especialmente irritadiço. Ele a esperava do lado de fora da biblioteca, o celular na mão, com a testa franzida em desaprovação. "Lívia, já estamos atrasados para o jantar com meu pai. Você precisa parar de se perder nesses livros de contos de fadas," ele disse, sem sequer olhar para as páginas que ela segurava. Lívia fechou o livro com um suspiro suave. "Eles não são contos de fadas, Daniel. São lendas da nossa região. E você sabe que eu amo meu trabalho." "Ainda assim," ele retrucou, "uma mulher do seu calibre deveria estar se preparando para o futuro, não sonhando com o passado." O comentário picou, mas Lívia já estava acostumada. Ela sabia que ele a amava à sua maneira, mas o amor de Daniel vinha com condições e expectativas. Ele queria transformá-la na esposa perfeita, a futura primeira-dama de Havenwood, e seus hobbies não se encaixavam nesse quadro. O jantar foi um teste de paciência. A voz de seu sogro, o prefeito de Havenwood, dominava a mesa. Eles discutiam a expansão da empresa madeireira de sua família. Lívia tentou argumentar sobre o impacto ambiental, mas suas palavras foram ignoradas, como sempre. "As árvores são um recurso renovável, Lívia. E a exploração é vital para a economia da cidade. Temos que pensar no progresso," o prefeito disse, sorrindo condescendentemente. Daniel concordou com ele, enquanto Lívia se sentia cada vez mais desconectada daquela vida que ela pensava ser a sua. Mais tarde, em casa, ela se deitou e tentou esquecer a conversa, mas o peso daquela noite pairava sobre ela. Foi quando ela ouviu. Um uivo. Não era o som agudo e distante que os cães às vezes faziam, era um uivo profundo e melancólico, que vinha da floresta. Parecia cheio de uma tristeza antiga e de uma força selvagem que a arrepiou e, ao mesmo tempo, a atraiu. A curiosidade, mais forte do que o medo, a empurrou para fora da cama e para a janela. Ela viu a floresta, escura e misteriosa sob a luz pálida da lua. O uivo se repetiu, desta vez mais perto, mais urgente. Sem pensar duas vezes, Lívia vestiu um casaco e abriu a porta dos fundos. Ela precisava ir até lá, precisava descobrir a origem daquele som. A floresta a acolheu com seu ar fresco e terroso, e a cada passo, Lívia se sentia mais em casa. Era como se as árvores a chamassem, sussurrando seu nome com o vento. Ela se aprofundou na mata, seguindo o som. O uivo se tornou mais claro, mais forte, e ela percebeu que não era um som de tristeza, mas de procura. Era um chamado. Ela chegou a uma pequena clareira, iluminada pela lua cheia. E lá, em pé no centro, estava um lobo. Não era um lobo qualquer. Era um lobo enorme, de pelagem escura como a noite, com olhos de um âmbar intenso que brilhavam à luz da lua. Ele a olhou, e naquele momento, o mundo parou. Lívia sentiu uma pontada no coração, uma sensação de reconhecimento profundo. Ela não sentiu medo, mas sim uma familiaridade inexplicável. Era como se ela o conhecesse por toda a sua vida. O lobo se aproximou lentamente, parando a poucos metros dela. Ele se sentou e a fitou, sua presença poderosa, mas não ameaçadora. Eles ficaram ali, sob a luz da lua, perdidos naqueles olhos âmbar, enquanto o uivo se dissolvia na noite. Lívia tinha a certeza de que sua vida, como ela a conhecia, tinha acabado de mudar para sempre. O sussurro da floresta tinha finalmente se revelado, e ela mal podia esperar para descobrir o que viria a seguir.A visão da pedra sagrada na posse de um traidor foi a gota d'água para Kael. Um rugido primordial escapou de sua garganta, um som que ecoou o desespero e a fúria de um alfa encurralado. Seus ossos estalaram, e a pele humana deu lugar a uma pelagem densa e escura. Os olhos de Kael se tornaram orbes incandescentes de um amarelo intenso, e suas mãos se curvaram em garras afiadas. Ele saltou em direção a Darius, uma força da natureza movida por uma fúria primal e pelo pavor de perder Lívia novamente.A cabana se tornou um palco para uma dança mortal. O som de garras batendo contra a madeira e o metal ecoava nas paredes, uma sinfonia violenta de combate. Embora ferido e em desvantagem, Darius lutava com uma ferocidade selvagem, alimentado pelo ódio e pela necessidade de vingança. Ele era rápido, esquivando-se dos ataques de Kael com uma agilidade traiçoeira, e usava a Pedra da Lua Crescente como uma arma, o seu brilho, distorcido pela escuridão de sua alma, cegando momentaneamente Kael.Lí
A brisa suave da primavera, que antes trazia consigo o cheiro de flores silvestres e terra úmida, agora carregava uma tensão gélida. A felicidade recém-descoberta de Lívia e Kael, tão frágil e preciosa, estava sob a sombra de uma figura sombria: o lobo solitário chamado Darius. Exilado do bando de Kael, com um passado manchado por violência e ódio, ele era a nuvem escura que pairava sobre Havenwood. Sua presença constante era um lembrete cruel de que as feridas do passado estavam longe de cicatrizar.Lívia sentia uma intuição insistente, uma voz sussurrando em sua alma, clamando por cautela. Ela confiava no elo inquebrável com Kael e percebia sua relutância em desconfiar de Darius. Kael, com sua natureza de alfa, era um líder que queria acreditar na redenção. Ele se agarrava à promessa de paz e união, temendo que qualquer desconfiança pudesse reacender as chamas da guerra. O peso de seu bando e o sonho de uma nova era pesavam em seu coração.O crepúsculo daquela noite pintava o céu co
A paz, como a lua crescente, é uma promessa de esperança que pode ser facilmente obscurecida. Havenwood, que uma vez se recuperou da escuridão, agora se tornou um farol de luz, um refúgio para lobos e humanos. A união de Lívia e Kael, forjada no fogo da guerra, se tornou a lenda que todos contavam.Mas a paz é frágil, e as sombras do passado nunca morrem. Arthur, o líder da Irmandade da Chama, pode ter sido derrotado, mas o seu ódio, a sua ideologia, a sua vingança, ainda ecoam pelas florestas. E a sua ideologia, a sua vingança, a sua ambição, encontraram um novo lar, uma nova família.Em uma cidade distante, uma nova ameaça surge. Uma loba, com um passado sombrio e uma busca por vingança. Uma loba que foi exilada do bando de Kael, e que agora, com o seu novo bando, busca a destruição de Havenwood.E Lívia e Kael, que uma vez pensaram que a sua história de amor era uma história de vitória, agora percebem que a sua história de amor é uma história de guerra, de união e de esperança. E a
O ar em Havenwood se tornou pesado, carregado não de neve, mas de tensão. As palavras de Isolde e a coragem de Lívia e Kael haviam inflamado a esperança nos corações dos moradores, mas a luz da verdade era como um farol para Arthur e sua Irmandade da Chama. Eles viram a união crescente entre humanos e lobos não como paz, mas como um desafio direto ao seu poder. A batalha, agora, era inevitável.Na noite da próxima lua cheia, a Irmandade da Chama se revelou. Não eram apenas homens com machados, mas um exército de zelotes, armados e determinados, usando tochas para iluminar a escuridão e assustar os lobos. O seu grito de guerra, "Pela Purificação!", ecoou pelas montanhas, misturando-se com o rugido do vento.Kael e o bando estavam prontos. Os lobos, tanto em forma humana quanto animal, se posicionaram ao redor do altar, o local sagrado do bando. A Dra. Moira estava com a erva curadora, esperando o momento certo para usá-la. Sammy, o dono do bar, estava com os moradores que apoiavam Lívi
A caverna, com sua entrada guardada pelo cervo branco, era um portal para uma dimensão de magia e mistério. O ar era rarefeito, e a luz das tochas de Kael e Lívia dançava nas paredes rochosas, revelando desenhos antigos, gravados por gerações de lobisomens. A voz do cervo, que soava como o vento, ecoou na mente de Lívia. "A sua cura é o sangue. O sangue do filho da loba." A profecia, antes uma lenda distante, agora era uma realidade aterradora.Lívia sentiu um arrepio. Ela e Kael não tinham filhos. A única loba no grupo era a Dra. Moira, mas ela estava velha para ter filhos. A frase parecia um enigma, uma parte da profecia que eles ainda não entendiam. Isolde, a Guarda da Lenda, se aproximou e tocou a caverna. A sua mão brilhou, e uma luz branca se espalhou, revelando um caminho secreto."O sangue do filho da loba não é o que vocês pensam," Isolde disse, sua voz suave, mas com um tom de autoridade. "A lenda é simbólica. O sangue do filho da loba é o sangue de um filho da floresta. O s
O inverno chegou com uma ferocidade inesperada, pintando Havenwood de branco e silenciando a floresta. A calmaria, no entanto, era apenas superficial. Sob o manto de neve, a conspiração de Arthur crescia como uma semente envenenada. Lívia e Kael sentiam a tensão, a iminência de um conflito que agora tinha um nome: A Irmandade da Chama.Lívia, mergulhada nos pergaminhos antigos, passou noites em claro, decifrando a caligrafia esquecida. Isolde, a Guarda da Lenda, pairava por perto, observando-a com uma intensidade enigmática. Em um dos pergaminhos, Lívia encontrou a primeira menção à Irmandade. Não como uma facção de caçadores, mas como uma seita antiga, que se autoproclamava guardiã da "pureza" da terra. Eles acreditavam que a magia da floresta e os lobisomens eram uma "mancha" que precisava ser purificada através do fogo e do sacrifício. O seu símbolo, um círculo com uma chama estilizada, era o mesmo que ela encontrara em desenhos rudimentares nas margens dos documentos."Eles não sã
Último capítulo