A minha perdição

Andreas Lykaios 

Meus olhos observam com atenção a loba à minha frente. É como se a história estivesse se repetindo. Meu corpo treme, e um arrepio percorre minha espinha, mas me mantenho firme, com o rosto sem expressão. Não posso demonstrar medo ou insegurança diante dos meus lobos.

Aproximo-me dos dois, e meus olhos se fixam no homem loiro de olhos azuis. Há algo nele que me parece familiar. Por que ele não sente medo na minha presença?

— Como ousa ir contra as minhas ordens, loba? — pergunto com minha voz fria, aquela que causa pavor até mesmo em alfas experientes.

A loba treme diante da minha dominação. Mas o humano a abraça, mesmo com as correntes que os prendem. No mesmo instante, a fêmea se acalma, o que só aumenta minha irritação.

— Vocês serão condenados à morte! — grito, fazendo os lobos ao redor começarem a sussurrar.

Ouço o humano me questionar, desafiando minha decisão e dizendo que estou indo contra a Deusa da Lua. Uma fúria toma conta de mim, e um rosnado monstruoso escapa dos meus lábios. Todos caem de joelhos, submissos.

— Seus malditos! Ousam questionar o seu rei?! — rugi, mais fera do que homem, e o medo tomou conta do ambiente.

Viro-me para o humano que ainda abraça a loba.

— Quem você pensa que é para acasalar com uma das minhas lobas? Será morto como todos os outros humanos insignificantes!

Falo com a força da minha dominação alfa, mas ele apenas me encara com desprezo e responde:

— Você acha que tenho medo de você, lobo? Suas palavras não me assustam.

Ele não demonstra intimidação, o que me faz rosnar de raiva. Mas sei que é só fachada. Assim que eu começar a torturar a loba, ele implorará por misericórdia.

Com um sorriso cruel, pego minha espada. Estou prestes a desferir o primeiro golpe na loba quando um perfume invade minhas narinas. Meu lobo desperta com uma alegria imensa.

— Companheira! Minha companheira está aqui! — ele grita na minha mente.

Antes que eu possa reagir, uma flecha atinge minha mão, fazendo a espada cair. Olho, chocado, na direção de onde veio a flecha — e perco o chão.

Diante de mim está o ser mais belo que já vi.

Ela me encara fixamente. Seus olhos coloridos brilham. Seus lábios carnudos são tão beijáveis. Cabelos escuros como uma cascata repousam sobre os ombros. Usa uma calça legging e um top justo, revelando um corpo que me hipnotiza. Seios grandes e redondos que desejo apertar, cintura fina, quadris largos, pernas grossas... Onde está a menina magrinha que um dia vi? Ela caminha em minha direção sem medo, enquanto meu lobo uiva de excitação. Uma vontade quase incontrolável de possuí-la me consome.

— Solte meu irmão e sua noiva, ou vai se ver comigo. Posso garantir que minha flecha fará um estrago ainda maior — ela diz, me tirando do transe.

Percebo minha mão sangrando, com a flecha ainda cravada. Sorrindo, puxo a flecha e digo:

— Como você está linda!

Ela franze a testa.

— Acho que não conheço o senhor — responde com uma carranca.

— Até com cara de brava, nossa companheira é linda — meu lobo diz em minha mente, e eu sorrio, concordando.

— Você já me viu. Só não se lembra... — falo com gentileza.

Mas ela não está para brincadeiras. Atira outra flecha, e num movimento rápido, me desvio. Meu lobo vibra de alegria por poder lutar com sua companheira. Avanço, mas ela continua disparando.

— Ela não está brincando. As pontas são de prata e foram banhadas em acrônic... ela teve ajuda de caçadores! — meu lobo rosna, preocupado.

— Vamos parar com isso, garotinha. Não quero te machucar — digo, tentando soar calmo.

— Maldito! Você matou minha mãe e agora quer matar meu irmão. Eu vou te matar! — suas palavras são carregadas de dor e lamento.

— Alguém está usando nossa companheira como distração — Luke alerta em minha mente.

Sem perder tempo, dou ordens ao meu beta:

— Os caçadores vão atacar. Reúnam todos. Protejam os filhotes! — grito.

Minha companheira me olha, confusa. Eu a encaro e explico:

— Você foi usada por aqueles malditos caçadores. Eu não matei sua mãe.

Ela ainda tenta me atacar, mas a maioria dos lobos já se dispersa com a previsão do ataque. Quando tento me aproximar, uma grande explosão nos atinge. Todos são jogados ao chão.

O som ensurdecedor me deixa zonzo. Levo as mãos aos ouvidos, tentando conter a dor, e vejo minha companheira correndo até o irmão, tentando libertá-lo das correntes com pedras.

Fausto, o líder dos caçadores, se aproxima dela com uma arma e diz:

— A sua ajuda foi boa, mas agora você é descartável.

Ele atira.

Uso minha velocidade sobrenatural e a protejo com meu corpo. As balas atingem minhas costas, mas eu não me movo. Protejo Anabela com todo o meu ser. Seus olhos coloridos me encaram, chocados, e tudo o que sinto é o calor do seu corpo junto ao meu. É como se o tempo parasse, e só existíssemos nós dois.

A felicidade transborda no meu peito. Minhas mãos deslizam por suas costas, puxando-a contra meu peito. Meus lábios tocam os dela, e o mundo desaparece por um segundo.

Mas então ela se afasta, aflita.

— Você está sangrando! — diz com a voz baixa.

Volto à realidade. Ainda estamos sob ataque. A raiva do meu lobo explode por terem estragado o momento com nossa companheira. Ele se manifesta. Meu corpo muda, tornando-se meio homem, meio lobo.

Com uma voz monstruosa, ordeno:

— Leve-os para a casa da alcateia e mantenha os dois em segurança, ômega. Eu cuido desses vermes aqui!

A companheira do irmão dela obedece na mesma hora.

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