O verão chegou silencioso, quase envergonhado, como se o mundo ainda não estivesse pronto para florescer novamente. Mas a casa de Ana, Adam e Liam resistia ao tempo como uma canção esquecida que continua ecoando por entre as árvores. As cicatrizes ainda estavam ali — nas paredes, nas memórias, nos olhares longos de Adam para o céu — mas havia algo novo pairando no ar.
Algo que vibrava com a chegada do que ainda não tinha forma.
Liam passou os dias seguintes em silêncio. Corria pela floresta, tocava as pedras antigas, desenhava símbolos no chão com gravetos. À noite, sentava-se ao lado da lareira, ouvindo os contos de seu pai, mas raramente falava. Era como se algo nele estivesse aguardando — um acorde ainda não tocado, uma porta entreaberta.
— Ele está diferente — disse Ana, certa noite, com os olhos fixos no filho adormecido. — Não só mais velho. Como se tivesse visto demais.
— E viu. — Adam respondeu. — E não é só o que viu. É o que ele se tornou.
Ana se aproximou da janela, observa