A aurora não trouxe sol naquele dia.
As nuvens permaneciam cerradas sobre a clareira, pesadas como lembranças que se recusam a se dissipar. A luz que se infiltrava era fria, cinzenta, quase respeitosa — como se o próprio céu compreendesse que ali, no ventre da floresta, algo delicado e perigoso havia sido despertado.
Elira sentava-se diante da lareira da cabana, com o pergaminho aberto no colo e o colar de cabelos trançados enrolado nos dedos como um fio de passado que teimava em não se romper. Liam observava em silêncio, deitado no chão, o peito nu ainda marcado pela cicatriz da rosa e pelos arranhões da noite anterior.
Havia um silêncio novo entre eles.
Não o silêncio do fim — mas o silêncio do luto que antecede a reconstrução.
— “Elira.” — ele disse, finalmente. — É estranho te chamar assim. Parece que estou conhecendo outra mulher.
Ela ergueu os olhos.
— E está.
— E ainda assim… — ele se aproximou, sentando-se ao lado dela — eu continuo apaixonado.
Ela sorriu com um cansaço quase