O mundo não explodiu em luz.
Não houve trombetas. Nem chuva de pétalas douradas. Nem um coro celestial cantando a salvação.
Houve apenas silêncio.
E depois… o som do vento soprando por entre os galhos da árvore dourada.
Ana foi a primeira a acordar. Seus olhos se abriram devagar, como se temesse descobrir que tudo havia sido sonho. Mas ao seu redor, os corpos dos que amava permaneciam. Vivos. Respiração calma. Pele quente.
Ela se levantou e caminhou até a beira da colina.
E então… chorou.
Mas não de tristeza.
Era outro tipo de choro — aquele que só vem quando a alma se esvazia de guerra e, pela primeira vez, encontra espaço para existir.
Adam acordou com o cheiro da terra úmida.
Suas mãos ainda estavam manchadas de sangue antigo, mas a espada já não pesava em suas costas. Estava fincada no solo, meio coberta por musgo.
— Acabou? — perguntou em voz rouca.
Ana se virou e assentiu.
— Acabou.
Ele olhou para o céu claro, e por um instante, não soube o que fazer.
A guerra o moldara.
O ódio