A estrada era apenas uma linha trêmula no meio da névoa.
Adam dirigia com uma mão no volante e a outra segurando a de Ana sobre o próprio colo. O silêncio entre eles não era vazio. Era denso. Quente. Um fio invisível de palavras que não precisavam ser ditas.
Ana olhava para a paisagem fugidia do lado de fora da janela: árvores nuas, postes abandonados, campos molhados pela chuva da noite anterior. Tudo parecia distante, irreal, como se o mundo tivesse desbotado e só restassem eles dois — respiração, memória e fuga.
— Ainda estamos longe? — ela perguntou, a voz rouca de cansaço e dor.
Adam desviou o olhar por um segundo e apertou mais forte seus dedos.