O mar rugia lá fora como um presságio. O vento lambia as frestas da cabana, sibilando promessas de destruição, mas lá dentro o mundo parecia suspenso. Entre sombras e velas, entre cicatrizes e segredos, Ana e Adam se preparavam para algo que talvez fosse impossível sobreviver.
Mas não ainda. Ainda não.
Naquela noite, não haveria sangue. Nem medo. Nem fuga.
Apenas os dois.
Depois que Miguel partiu — levando recados, traçando rotas e preparando o terreno para o confronto final com Helena e os seus aliados —, Adam trancou todas as portas e janelas, desligou o celular, e selou o mundo lá fora como se pudesse, por uma única noite, fingir que o inferno não existia.
Ana estava no quarto, penteando os cabelos diante do espelho quebrado, quando ele entrou.
Ela usava uma camisola de seda fina, branca, quase transparente, que deixava entrever as marcas recentes de sua história: os roxos nos pulsos, as linhas vermelhas ao redor do pescoço, as manchas escuras na cintura. Mas mesmo marcada, ela era