Abri os olhos devagar, deixando a visão se ajustar à penumbra do amanhecer. Elysa dormia enrolada contra mim, uma das mãos enfiada sob a minha camisa, abertamente possessiva mesmo no inconsciente. Um fio de cabelo escuro escapara do seu rabo de cavalo desfeito e caíra sobre seu rosto. Tive que conter um impulso quase incontrolável de estender a mão e afastá-lo. Não queria perturbar aquele raro momento de perfeita quietude. Ela parecia mais jovem assim, menos a herdeira de um império de sangue e mais a garota do diário, a que ainda acreditava em histórias de lobinhos ladrões.
E foi esse pensamento que cortou a serenidade como uma lâmina.O diário. As palavras da pequena Elysa ecoaram na minha mente, nítidas e venenosas. "Eu encontrei o caminho relógio antes dela..."O caminho relógio.A frase martelou dentro do meu crânio, insistente, tirando todo o conforto do momento. Não era apenas uma memória dolorosa; era uma pista. A única pista concreta que