Horas depois, a ambulância rural, uma van adaptada, parava novamente diante do chalé de madeira escura. Com a ajuda do motorista e do auxiliar, a maca com o homem em coma foi cuidadosamente transportada para dentro, atravessando a porta pesada que separava o mundo das sombras e dos rumores do meu mundo de papel e silêncio. Instalamos-no num quarto pequeno no térreo, perto da cozinha, que tinha uma cama estreita. Montamos o soro, a bomba de nutrição, os aparelhos simples para monitorar os sinais vitais que Carla emprestara. Quando a ambulância partiu, levando o barulho do motor e as últimas palavras de encorajamento, o silêncio da floresta e da casa desceu sobre mim como um cobertor pesado. Fiquei na porta, observando as luzes traseiras desaparecerem na estrada escura. Voltei para dentro, fechei a porta maciça com um baque surdo que ecoou nas estantes. O ar cheirava a couro, camomila, desinfetante hospitalar e uma nova presença estranha, metálica, de sangue e suor seco. Caminhei
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