Choveu de novo antes do amanhecer.
Da janela do meu quarto, Londres parecia uma cidade feita de névoa e segredos. As luzes refletidas no asfalto eram pequenas feridas douradas, e o som constante da chuva criava um ritmo hipnótico, quase musical.
Não dormi.
Não consegui.
As palavras de Evelyn ainda ecoavam dentro de mim — “Ela não era apenas sua amante. Era a fundadora.”
E agora, cada gesto de Thomas, cada pausa, cada olhar dele ganhava novos significados.
Ele não era só um homem que amara alguém antes de mim.
Era o guardião de uma história que nasceu de um pecado elegante demais para ser esquecido.
E eu precisava saber até onde ela o moldara.
Peguei o diário de E. Walsh mais uma vez.
Na página seguinte, havia um parágrafo que parecia escrito para mim:
“O controle é um idioma. Quem domina, fala. Quem obedece, traduz. E quem compreende — destrói o idioma inteiro.”
Fechei o caderno, respirei fundo e decidi:
hoje, Thomas iria falar.
Mesmo que em silêncio.
Cheguei à universidade antes das