Narrado por Zaiden Marevick
A fumaça do meu charuto dançava no ar como espíritos errantes, se contorcendo, sumindo. O silêncio do escritório era espesso, pesado, um manto que me sufocava sem piedade. O estalo da lenha ardendo na lareira era o único som, além do rugido surdo que habitava dentro de mim.
Aquela garota. Aquela maldita garota.
Ela entrou no meu mundo sem pedir licença. Um sopro gelado no calor do inferno que construí com as próprias mãos. Um olhar. Um gesto. E tudo em mim — tudo que levei anos para conter — ameaçou ruir.
— Não sei o nome dela, mas sei onde encontrá-la. Clube de patinação no território de Baranov — falei. A voz saía firme, mas dentro… um terremoto.
Viktor não respondeu de imediato. Seu rosto continuava rígido, olhos de aço, mandíbula tensa. Leal até o fim, mesmo quando não compreendia os motivos que guiavam meu caos.
— Vou procurar, Don.
Assenti. Ele saiu.
A quietude retornou, mas era uma quietude de presságio. De tempestade se formando no horizonte. Voltei