Narrado por Leonid Raskolnikov
Meu nome é Leonid Raskolnikov.
Tenho trinta e cinco anos,
e um império de sangue repousa sob meus pés.
Sou o Don Supremo da Rússia — não por eleição,
mas por conquista.
Todo homem que ousa erguer-se nas sombras de Moscou
precisa primeiro se ajoelhar diante de mim.
Assim sempre foi.
Assim sempre será.
Poder, em Moscou, não se ostenta.
Ele escorre pelos becos como sangue fresco,
é sentido no ar denso das madrugadas.
E há muito tempo…
sou eu quem dita esse cheiro.
As paredes do meu escritório ainda retinham o silêncio após mais uma reunião.
Chefe após chefe, ajoelharam-se sob a fachada da lealdade,
mas eu sei: promessas proferidas na minha frente
têm gosto de veneno guardado para depois.
Eles juraram fidelidade — e eu aceitei.
Mas permaneci atento, como um lobo cercado por cordeiros disfarçados.
Um lobo…
É o que sou.
Não por escolha, mas por necessidade.
Quando Dione Baranov me procurou na noite passada,
trouxe mais do que palavras.
Trouxe uma peça rara: Za