Narrado por Zalea Baranov
Acordei envolta por um calor que não era apenas físico.
Era a proteção que eu nunca conheci, o repouso depois da tempestade.
A madrugada havia lambido meus ferimentos com a língua quente da vingança adormecida, e agora o dia ameaçava nascer — como um intruso que não sabe guardar silêncio.
O quarto estava mergulhado em penumbra, mas mesmo na escuridão, eu sabia onde estava.
No único lugar onde o mundo não parecia querer me destruir.
Nos braços de Leonid Raskolnikov.
Minha cabeça repousava em seu peito nu, e o som do coração dele era uma âncora — pesado, constante, quase feroz.
Aquele coração não batia em vão.
Ele carregava nomes.
Promessas.
Mortes por acontecer.
Eu me movi, lentamente, como quem teme acordar algo sagrado.
Senti a dor arder em minha costela, a memória viva dos chutes de Zaiden.
Mas, ao contrário de antes, não me encolhi.
Porque agora havia espaço para a dor e para o abrigo.
— Você está acordada, Plamya? — Leonid murmurou, a voz rouca de sono,