Narrado por Leonid Raskolnikov
O sangue dela ainda estava quente em meus dedos.
Era um veneno lento que escorria da pele para a alma, e quanto mais eu olhava para Zalea — trêmula, ferida, mas erguida com a mesma altivez de uma rainha caída — mais crescia dentro de mim uma raiva ancestral, a raiva dos homens que amam e não sabem como amar sem proteger.
Zaiden havia cruzado uma linha.
E o que há do outro lado da linha… é só morte.
Conduzi Zalea pelo corredor vazio como se guiando uma relíquia sagrada, uma deusa despedaçada por mãos indignas. Cada passo dela era um fio de dor que se entrelaçava ao meu, e mesmo quando ela se manteve ereta, mesmo quando desafiou a própria agonia, eu vi… Eu vi a criança que ela sufocou dentro de si, gritando por paz.
E eu jurei que ninguém mais pisaria nela sem pagar o preço com a própria alma.
— Ele encostou em você — murmurei, mais para mim do que para ela.
Meu maxilar travado, os dedos cerrados num punho que clamava por sangue. — Com as mãos que um dia o