Narrado por Leonid Raskolnikov
O silêncio no carro não era ausência — era presença densa, quase sagrada. Cada rua de Moscou que deixávamos para trás parecia uma cicatriz encoberta pela névoa da manhã. O céu, cor de chumbo, refletia a quietude ameaçadora que carregava em meu peito. Nazar guiava com a precisão de um homem que aprendeu a sobreviver no submundo, e eu mantinha uma mão no volante enquanto a outra repousava, possessiva, sobre a coxa de Zalea.
O vestido vinho que ela usava era um grito silencioso de ousadia — profundo, maduro, como um vinho envelhecido à sombra de tragédias. Realçava a pele dourada que ainda carregava a fragilidade de uma juventude ferida. Seus cabelos soltos deslizavam pelos ombros como se fossem feitos de bruma e aço. Ela era uma poesia cortante, uma flor que floresceu entre estilhaços.
Não era apenas linda — era perigosa. Porque carregava dentro de si uma força silenciosa, uma chama que, se mal direcionada, poderia incendiar o mundo inteiro.
— Nervosa? — p