Adam é o primogênito da família Seven. Desde muito cedo aprendeu a se isolar para não ouvir palavras de pena ou de terror pelas suas cicatrizes. Porém com o tempo aprendeu a usar sua aparência para assustar inimigos e seduzir belas mulheres. Nem todos tinham o privilégio de ver o rosto por trás da máscara que o Seven apelidado de Fera gosta de usar. Para ele, a vida é apenas suas criações no laboratório. O único problema de Adam é o velho Dubois, que o idolatra ao ponto de entregar a própria filha para servir a ele ou a quem ele ordenar. Bela é a criança que foi salva da morte pelo menino corajoso e colocada em uma prisão de cuidados e restrições pelo pai insano. Até o momento em que é levada para a fera, como uma oferenda por estar viva. Mas se engana quem acha que a doce e curiosa Bela irá se render aos caprichos do homem que a tem nas mãos. Aguarde, Fera, sua vida vai mudar para sempre.
Leer másO amor é uma flor amarela
Encontrando liberdade na paixão.
Bela Dubois
Tudo saiu melhor do que eu esperava. Jamais imaginei que Cinderela encontraria o amor no baile dos Seven. Fico tão feliz por ela. Meu único objetivo era fugir do casamento e dar a chance dela mesma buscar sua liberdade. Afinal, ela ficaria diante de homens poderosos. Um deles teria que ajudar... E como ajudou.
Suspiro me lembrando.
Minha amiga brilhava enquanto estávamos passeando pelo shopping e escolhendo livros.
Não vejo a hora de chegar em casa e ler os que são da falecida Seven. Pelo quanto minha amiga falou deles, deve ser incrível.
Acaricio a capa de um.
Quando chegar em casa vou mandar mensagens com as atualizações das minhas leituras. Queria ter redes sociais, mas é melhor não. Vou manter esse celular muito bem escondido do meu pai. Depois que Cinderela tomou meu lugar, ele anda muito insuportável.
Por falar nele...
— Pai, onde estamos indo? — pergunto quando o carro para diante de um enorme portão de ferro escuro.
Posso não ser a mais viajada das criaturas, mas não lembro de precisar passar por nenhum portão para chegar até o castelo dos Seven, além do óbvio portão do castelo.
Ele só responde depois que o portão se abre e o carro entra conosco.
— Tenho que entregar algo aqui. Vai ser rápido.
— Ah sim — respondo sem dar muita atenção a ele.
Que lugar mais incrível. É o mais próximo de uma floresta que já cheguei.
Sorrio ao ver um pássaro colorido pular de um galho a outro.
Deve ser um sonho morar aqui.
— Esse lugar... — começo a dizer.
— É propriedade dos Seven. — Ele completa.
— Claro.
Só mesmo essa família para ter algo tão exótico.
Logo o carro para diante de uma casa deslumbrante onde se destaca preto e vidro.
Se eu morasse aqui certamente já teria enfiado a cara no vidro. Chega a parecer que não tem paredes externas em algumas partes.
— O senhor quer que eu espere no carro?
— Não. Você desce comigo.
Olho as coisas com vontade de não soltar as sacolas, mas as deixo. Meu celular vai na bota, como uma encomenda para um prisioneiro. Eu sei que ao chegar em casa ele vai olhar tudo para ver se é improprio. Eu não tenho um pai, tenho um carcereiro.
Saio do carro e espero perto da escada central enquanto ele conversa com o motorista.
— Bela...
Quando ele me chama, automaticamente estendo a mão para aparar o que ele j**a em minha direção.
É o meu diário.
— O que... Pai? — quando vou questionar o que ele faz com meu diário, meu pai está batendo a porta do carro que simplesmente faz a volta para ir embora... sem mim.
Fico parada diante dessa casa estranha, vendo o carro ir embora com meu pai.
Ele vai voltar. É só um castigo pelo que fiz com Cinderela. Só pode ser.
Levo meu olhar ao diário e vejo uma fita colada com as palavras: Leia a carta.
Abro o diário a procura da carta, indignada por meu pai ter invadido minha intimidade até em meu diário.
Leio a carta sentindo o vento do Rio de Janeiro se tornar gelado contra minha pele, ainda que a cada linha eu sue tanto que meu vestido amarelo começa a grudar na pele.
Sinto tontura quando termino de ler e descubro que meu pai me entregou como uma mercadoria para pagar a m*****a dívida que ele acha ter com os Seven.
— Calma, Bela! Você é uma pessoa. Só precisa... Meu Deus! — levo a mão ao peito para conter meu coração disparado diante da imagem que vejo quando olho em direção a entrada.
Há um homem, um homem enorme de jeans rasgado e uma camisa preta quem mal cabe em seus músculos, com uma máscara branca e segurando uma faca imensa.
Minhas pernas travam. Eu tenho duas opções: desmaiar ou correr.
Então... acorda pernas!
Não penso duas vezes, corro pelo mesmo caminho pelo qual o carro passou. Não olho para trás. Sempre que alguém olha para trás nos filmes acabam caindo e sendo esfaqueada.
Na carta dizia para eu fazer o que o dono da casa ordenar.
Não acredito que meu pai me mandou mesmo para um maldito sacrifício humano.
Estou quase chegando no portão quando travo diante de uma fera imensa.
Isso não é um cão. É um monstro. O doberman me olha como se eu fosse uma suculenta refeição. E finalmente vem em minha direção, latindo e correndo.
Olho para trás e o homem ainda vem caminhando lentamente com sua máscara e a faca brilhando.
Qual dói mais, morrer atacada por um cão imenso ou esfaqueada por um louco imenso?
Eles estão chegando perto.
Isso deve ser um pesadelo.
Afinal, por que o meu pai me entregaria a morte se tudo que ele quer é pagar a dívida para quem me salvou?
Não faz sentido.
Você é inteligente, Bela. Pense.
Dou meia volta e corro em direção ao homem.
Com ele é possível barganhar. Com o cão não.
O cão e eu chegamos praticamente juntos e eu simplesmente me escondo atrás dos músculos do gigante com a faca, que assobia e o cachorro senta na sua frente.
— Fifi, vai! — ele aponta e o cão corre como se eu não existisse mais.
Fifi? Só pode estar de brincadeira.
— Agora, você... — fala e se vira na minha direção, ou pelo menos tenta, porque eu não solto sua camisa. Não sei bem o que pretendo, mas não solto. — Garota, me larga.
— Não.
— O cão já foi.
— Não.
— Tira essa garota de cima de mim.
Não entendo para quem ele fala, até que duas pessoas se aproximam e agarram meus braços. Na luta para me soltarem, caio no chão.
— Agora nós dois vamos ter uma conversa.
Engulo em seco olhando a faca.
— Se vai me matar, mata de uma vez. — O desafio.
Se faz quase um minuto de silêncio até que ele cai em uma gargalhada rouca.
Nessa hora aparece uma mulher baixinha e rechonchuda.
— Eu falei para não vir assim — fala tirando a faca da mão dele. — Está assustando a menina.
Ele continua rindo enquanto tira a máscara e releva o que só pode ser o rosto mais lindo do mundo. Cabelos castanhos curtos, bagunçados pela máscara que puxou para cima, olhos de uma cor que não sei definir, como se ele estivesse indeciso entre castanho, vermelho ou dourado, e seus traços... tudo perfeito, nariz, boca, queixo... Tudo tão másculo.
Foda-se as cicatrizes. É preciso bem mais que isso para deixar esse homem feio. O material do qual foi feito é antierros.
— Eu não vou te matar, garota, mas posso garantir que talvez chegue a desejar isso.
E o encanto evapora diante do gelo em suas palavras.
Meu pai me trouxe para o inferno? É aqui a porta para o meu inferno?
Bela DuboisAnos depois...— Quem são aqueles? — pergunto admirada ao ver melhor os três homens que Adam cumprimentou mais cedo. Um deles eu vi brevemente quando fui visitar Lucas no hospital poucos dias após o sequestro. Por sorte ele está ótimo hoje, pronto para outra, segundo ele.— São os irmãos Wayne. Adrian, Lance e Dominic. São os donos de Nova Iorque. E seus futuros chefes no hospital Wayne. — Ele aponta cada um ao falar o nome.— Hospital? — Não estou sabendo de nenhum hospital fora do país. Ainda nem pensei nos meus próximos passos após a formatura.— Exato, doutora. É o meu presente de formatura para você. Se quiser continuar seus estudos em um ambiente não tão comum e fazer sua especialização fora do Brasil.Levanto a sobrancelha, curiosa pelo jeito que ele falou “não tão comum”. Mas logo o abraço. É o melhor presente que poderia me dar.— Eu adorei. Assim como adoro tudo que vem do meu marido gostoso.— Vamos começar uma nova aventura, apenas nós dois.“Nós três”. Completo
Adam Seven— Novos pesadelos? — questiono ao acordar no meio da noite e encontrar Bela sentada na cama, abraçada aos joelhos, sem acender a luz. Faz mais de uma semana que ela diz não ter pesadelos com o sequestro, desde a noite que a encontrei com o livro. Nem falei para ela que Camila e o outro traidor acabaram com tiros na cabeça e que o idiota do Fabiano está nas mãos da nossa família, fazendo tudo para não nos provocar ainda mais a ira. Bela não precisa saber disso. Não nesse momento. Quem sabe um dia...Acendo o abajur e passo a mão acariciando por cima do short do seu pijama de seda preto. Ela sempre dorme com essas coisas, mesmo que eu sempre tire em algum momento da noite. Gosto de tê-la nua, assim como eu, pele na pele.— Não consegui dormir — responde, me olhando. — Acordei e estava tudo escuro, foi quando me dei conta que nunca dormimos com a luz acessa e ainda assim não tive pesadelos com a morte da minha mãe. Você espantou todos eles.— Isso é bom.— A luz quebrada no po
Bela DuboisNão consigo dormir. Os pesadelos com aquele desgraçado ainda estão constantes. Agora que a adrenalina da situação passou fico me perguntando o que poderia ter acontecido se aquele capanga não tivesse atrapalhado. Não suportaria outro homem em mim. Meu corpo pertence a apenas duas pessoas; Adam e eu.Por mais que eu esteja vivendo momentos maravilhosos e virei a madrinha mais coruja, saindo com minha amiga e nosso novo amigo maluquinho, às vezes esses pesadelos ainda me afetam.Olho meu marido grandão dormindo tranquilamente e me levanto.Sem fazer barulho desço até a biblioteca para ler um pouco e ocupar minha mente com coisas boas.Passo os dedos pelos livros, admirando meus amigos de longa data. Foram os livros que acompanharam minha infância, minha adolescência. Foram minhas maiores aventuras, até conhecer Adam Seven, minha fera, meu marido.Toco um de capa preta e fico curiosa. Puxo.É quando acontece. Uma porta secreta se abre. Não penso duas vezes antes de entrar no
Bela DuboisHoje vamos voltar para casa. Por isso estou aqui novamente, na loja do senhor Geppetto. A pequena Zip está empolgada enquanto o senhor customiza sua xicara em uma salinha. Nós estamos em uma espécie de ala de brinquedos. Ela se encantou com uma boneca de pano com cabelos cacheados.— Prontinho. — O senhor sai da sala com uma mão atrás das costas.Sem soltar a boneca, ela corre até o senhor. Mas para e espera, toda educadinha.— Boa menina! — ele passa a mão nos cabelos dela, que estão em um rabo de cavalo. — Aqui está!A menina saltita de felicidade. Sua xicara agora tem dois olhos e uma boca com sorriso, o nariz é a alça.A coisa mais fofa.— E esse é para você dar de presente a sua mamãe. — Mostra um bule tão sorridente quanto a xicara.Deixo escapar um “oh”.Por fim saímos da loja com a boneca de pano, a xícara, o bule e uma rosa como da minha história favorita, só que é amarela. Logico que eu não poderia deixar ela para trás.Quando chego no quarto da pousada, nossas m
Adam SevenO jipe ficou para trás em um curva. A partir dali seriamos vistos de longe. Não foi fácil deixar Bela na beira da estrada. Apesar do meu orgulho por ela ter escapado sozinho, ainda me sinto incomodado por não estar ao lado dela.Rafa caminha ao meu lado. Ele faz sinal a cada alvo localizado. Por fim, entramos no lugar. E nos separamos.Dentro do lugar, dois foram derrubados facilmente. Mas no terceiro fomos vistos e começou o tiroteio. O que dificultou. Aqui dentro não podemos atirar em qualquer um porque não tenho certeza da cara do tal Pajaro, e ele não vai escapar só com uma bala na cabeça.Mas a sorte estava ao meu lado. Ouvi parte de uma conversa e soube quem era o candidato a defunto.Escondidos, enquanto Rafa lidava com um difícil de matar, segui os dois caras até um lugar e quando estavam distraídos, enfiei um punhal no pescoço de um deles.O outro vai para sacar a arma, mas sou mais rápido e atiro em sua mão. Caem pedaços de dedos junto com a arma.Ele olha aquilo
Bela DuboisSim, é ele. É o meu marido.O veículo para e ele desce e vem correndo em minha direção.Faço menção de correr para ele também, mas Zip segura minha mão. Ela está com medo.— Tudo bem, pequena. — Sorrio para ela, que agarra minha roupa.Não demora para o meu gigante me tirar do chão, abraçando meu corpo com força.Ainda bem que a pequena me solta antes de cair de bunda com o movimento brusco.— Está assustando a menina — falo, mas sou ignorada.— Bela? Como? Você está bem? — ele me toca e me olha com se procurasse ferimentos.— Estou bem. Eu sou uma aventureira. Escapei.Ele sorri, mas seus olhos estão brilhando, como se ele tivesse se esforçando para não chorar.— Você é perfeita, minha pequena. Eles fizeram alguma coisa com você? Eu recebi a aliança e um vídeo. Eles...Nego com a cabeça.— Não fizeram nada. Não conseguiram. Parece que alguém importante chegou, então aproveitei a confusão e fugimos. Podemos ir para casa agora?— Não, meu amor. — Ele ainda toca o meu rosto,
Último capítulo