Abri a porta da sala de reuniões como quem abre um campo de batalha. O salto dos meus sapatos ressoou no piso com uma precisão que não era só sonora — era psicológica. Leonardo estava sentado à cabeceira da mesa, de pernas cruzadas, os dedos entrelaçados sobre o próprio joelho. Parecia tranquilo. Mas eu sabia reconhecer a arrogância disfarçada de falsa serenidade.
Ele se levantou assim que me viu.
— Beatrice — disse com aquele tom ensaiado, meio gentil, meio condescendente. — Está mais bonita do que me lembrava.
— Você deveria tentar lembrar das reuniões, não da minha aparência. — Fechei a porta atrás de mim e caminhei até a outra ponta da mesa.
Ele sorriu. Aquele sorriso ensaiado que sempre usava para manipular quem estivesse diante dele. Mas eu não era mais a mulher que ele costumava dobrar com palavras doces e promessas frias.
— Eu vim estender uma bandeira branca — ele começou, sentando-se novamente. — Afinal de contas, somos adultos, não é? Podemos resolver tudo como pessoas civil