Capítulo 5

Isabella segurava o telefone com mãos trêmulas. Respirou fundo antes de discar o número do avô. Ele atendeu no segundo toque, como se já esperasse por ela.

— Isabella? Está tudo bem, bambina?

Ela fechou os olhos, sentindo o calor das lágrimas ameaçando subir. Não era hora para fraquezas.

— Nonno... eu só liguei para avisar que tomei uma decisão. Vou me divorciar de Romeu.

O silêncio do outro lado foi absoluto. Um silêncio que pesava como chumbo.

— Pode me explicar o que está acontecendo? — perguntou o velho, em voz neutra, quase cortante.

Isabella apertou o telefone com mais força.

— Não deu certo, nonno. Nós... nunca nos aproximamos de verdade. Eu quero refazer minha vida, mereço ser feliz.

Um som baixo, quase um grunhido, escapou do avô. Mas ele não discutiu. Não gritou.

— Entendo — disse por fim, frio como o mármore. — Se é isso que deseja, Isabella, terá meu apoio.

Ela soltou um suspiro tremido, agradecida. Mas a ligação não terminou aí.

— Agora, me faça um favor — continuou ele, com uma doçura falsa que fez Isabella estremecer. — Peça ao Romeu que venha me ver, ainda hoje.

Isabella hesitou, mas concordou.

Desligou, sem saber que, naquele momento, o avô já começava a mover suas peças. Romeu chegou à velha mansão do mafioso no final da tarde, convocado como um soldado diante de seu general. Estava tenso, mas era orgulhoso demais para demonstrar.

Foi conduzido à biblioteca, onde o Don o esperava sentado atrás de uma enorme mesa de carvalho, cercado por prateleiras repletas de livros antigos e armas de família.

— Sente-se — ordenou o velho, sem sequer levantar o olhar.

Romeu obedeceu.

O velho acendeu um charuto com calma irritante, como se estivesse degustando o momento.

— Então... — começou, soprando a fumaça no ar — ...minha pequena Isabella me ligou hoje.

Romeu manteve o rosto impassível.

— Sei.

Don Enrico ergueu finalmente os olhos, frios e calculistas.

— Vai me contar o que diabos está acontecendo ou terei que adivinhar?

Romeu se recostou na cadeira, cruzando os braços.

— Nós não conseguimos fazer o casamento funcionar. É simples assim. Isabella quer seguir com a vida dela. — Sua voz era seca, sem emoção.

O velho deu uma risada seca, sem humor.

— Simples? — repetiu, debochado. — Nada na nossa vida é simples, garoto.

Silêncio.

Então, com um estalo de dedos, o velho mudou de tom. Sua voz se tornou cortante, ameaçadora:

— Escute bem, Romeu Castellani. Se você não der um jeito de converter essa situação a seu favor... se não fizer Isabella mudar de ideia... — Ele fez uma pausa, sorrindo como um predador. — Você perderá meu apoio. Todo ele. Será persona non grata em todas as famílias. Sem negócios, sem proteção, sem futuro.

Romeu sentiu o sangue gelar nas veias, mas manteve a expressão firme.

— Ela não quer mais isso — rebateu, tenso. — Isabella está decidida. Irredutível, sabe que agora pode ter acesso ao dinheiro do pai e quer seguir sozinha. 

O velho sorriu de novo, como quem saboreia a fraqueza de um inimigo.

— Então é bom que você seja encantador. Impecável. Irresistível. — O tom sarcástico dele era mais cortante que uma lâmina. — Não existe opção para você, rapaz. Ou conquista minha menina de volta... ou assina sua própria sentença de ruína.

Romeu fechou os punhos sobre os braços da cadeira. A raiva fervia sob sua pele.

Ele odiava ser manipulado. Mas odiava ainda mais a ideia de perder tudo o que havia construído. 

— O que exatamente o senhor quer que eu faça? — perguntou entre dentes.

O Don sorriu, satisfeito.

— Faça-a se apaixonar, idiota. E rápido. — Deu uma tragada no charuto e concluiu: — Ela merece ser feliz. Se você não for capaz de fazer isso... então nunca mereceu estar ao lado dela.

Romeu levantou-se abruptamente, com o peito em chamas.

— E se ela não me quiser?

O velho deu de ombros, impiedoso.

— Então você a fará querer.

Aquelas palavras ecoaram na cabeça de Romeu enquanto ele saía da mansão, o coração apertado numa mistura de medo, ódio e algo que ele ainda não queria nomear.

Ele sabia que Isabella o desprezava agora. Sabia que ela carregava cicatrizes que o mundo inteiro podia ignorar, mas ela jamais conseguia esquecer. Que se sentia feia, quebrada, indigna. E, até agora, Romeu a havia deixado acreditar nisso.

Algo dentro dele se contorceu, se quisesse reconquistá-la, teria que derrubar cada muro que ele próprio ajudara a construir. Teria que fazer Isabella enxergar o que nem ele tinha conseguido ver durante tanto tempo. Ele seria obrigado a lutar por ela ou perderia tudo.

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