O domingo amanheceu preguiçoso. Helena acordou com o som da chuva fina batendo na janela e o cheiro de café vindo da cozinha. Arthur estava lá, descalço, de camiseta velha, cantarolando uma melodia que ela não reconhecia.
Ela ficou observando por alguns segundos antes de se aproximar e abraçá-lo por trás.
— Isso é o que eu chamo de futuro — disse ela, com a voz ainda rouca de sono.
Arthur sorriu, virando-se para ela.
— E se o futuro for só isso? Café, chuva e você?
— Então eu escolho ele. Sem dúvida.
Sentaram-se à mesa, sem pressa. A conversa fluiu entre lembranças e bobagens, como se o tempo tivesse desacelerado só para eles. Helena percebeu que, pela primeira vez em muito tempo, não havia urgência. Nem medo. Nem planos.
---
Mais tarde, deitados no sofá, ela falou:
— Você acha que a gente precisa decidir o que vem depois?
Arthur pensou por um instante.
— Acho que a gente precisa sentir. E se o que vem depois fizer sentido, a gente escolhe. Juntos.
Helena sorriu, encostando a cabeça n