A casa estava silenciosa naquela manhã de setembro. Clara preparava café com calma, enquanto Helena regava as plantas do quintal e Arthur lia um livro encostado na varanda. Não havia urgência. Não havia pressa. Só presença.
Ali, entre os gestos cotidianos, morava o amor.
---
Clara havia crescido. Não só em idade, mas em consciência. O Instituto florescia, as mulheres se reuniam, os projetos ganhavam força. Mas o que mais a sustentava era saber que, por trás de tudo, havia raízes firmes: seus pais.
Helena, depois de anos sendo solo para os outros, havia finalmente se permitido florescer. Criou um grupo de mulheres maduras, escreveu textos que tocavam, dançou sem medo, vestiu vermelho. Descobriu que ainda havia tempo e que o tempo agora era dela.
Arthur, sempre discreto, continuava sendo o silêncio que escuta, o gesto que sustenta, o olhar que acolhe. Nunca precisou de palco. Seu amor era feito de espera, de chá na porta, de mãos que seguram sem apertar.
---
Naquela tarde,