Traída pelo namorado com sua melhor amiga, Emily Carter, uma jovem americana de 21 anos, vê seu mundo desmoronar. Em meio ao caos emocional, ela viaja para passar um tempo sozinha na casa de campo da família do ex, onde conhece Alexander Wolfe, um homem misterioso, sedutor e vinte anos mais velho — que por acaso é tio de seu ex-namorado. Alexander é frio, controlador e perigoso, com cicatrizes que vão além da pele. Ele a provoca, desafia e a faz sentir viva de um jeito que nunca imaginou. Mas à medida que segredos obscuros do passado vêm à tona, Emily se vê presa entre o desejo e o medo, entre o amor e a destruição. Ela deveria fugir dele. Mas talvez já seja tarde demais.
Ler maisPOV: Emily
A cidade de Charleston parecia cinzenta naquela manhã, como se o céu compartilhasse do meu humor sombrio. O volante tremia sob minhas mãos, mas eu continuei dirigindo sem rumo. Meus olhos estavam inchados, ardendo de tanto chorar, e a respiração presa no peito me fazia sentir como se estivesse sufocando. O rádio tocava uma música melancólica, mas eu não conseguia escutar a melodia — era apenas um ruído distante, como tudo ao meu redor desde que... desde que eu vi o que nunca deveria ter visto. Ainda me lembro do que senti quando decidi aparecer de surpresa na casa do Dylan. Já tinha feito isso tantas vezes antes, com aquele entusiasmo ingênuo de quem acredita que conhece bem quem ama. Mas, naquele dia, quem foi surpreendida fui eu. A cena me atingiu como um soco no estômago. Está gravada na minha mente, vívida, dolorosa, impossível de apagar: Dylan, o homem que eu amava há três anos, nu, sobre o corpo da minha melhor amiga. Sophie. Os dois estavam entrelaçados, entregues um ao outro, completamente alheios a qualquer culpa ou vergonha. Não gritei. Não chorei. Não naquele momento. Apenas congelei. Meus pés ficaram colados ao chão, meus olhos fixos neles. O tempo parou, e o ar ao meu redor se tornou irrespirável. Eu fiquei ali, assistindo à traição se desenrolar diante dos meus olhos, até que eles finalmente perceberam minha presença. Dylan saltou da cama, tentando cobrir-se às pressas, o rosto pintado com uma expressão de pânico falso, ridículo. — Emily, espera... não é o que parece — ele disse, como se aquelas palavras servissem para apagar o que eu acabara de ver. Tive vontade de rir, de gritar, de chorar... mas a dor foi mais forte. — Sério? Então o que é? Estavam ensaiando uma cena de filme pornô na minha ausência? Eu saí de lá sem dizer mais nada. Entrei no carro e dirigi sem direção. As lágrimas vieram como uma tempestade, cegando meus olhos, queimando minha pele por dentro. Cada lembrança de Dylan — seus toques, seus beijos, suas promessas — agora era uma faca cravada no meu peito. E Sophie... como ela pôde? Como alguém que jurava lealdade pôde apunhalar minhas costas daquela forma? Depois de horas vagando sem rumo, meus instintos me levaram até um lugar que eu conhecia bem: a casa de campo da família Wolfe. Assim que a vi, uma onda de lembranças me invadiu. Aquela construção antiga, cercada por árvores altas e encoberta por um nevoeiro denso, fora nosso refúgio em tantos verões. Risadas no lago, noites à beira da lareira, promessas sob as estrelas... Tudo isso agora parecia parte de uma farsa cuidadosamente encenada. Estacionei o carro e desci com passos trêmulos. O vento frio bagunçava meus cabelos, mas eu não me importava. Eu só queria desaparecer. O portão de ferro rangeu quando empurrei, como se resistisse à minha presença. Subi a varanda coberta de folhas secas, meu peito apertado, como se algo ali também tivesse sido traído. A porta estava entreaberta. Meu coração bateu mais forte. — Olá, tem alguém aí? — chamei, minha voz mal saindo. Nada. Apenas o silêncio. Entrei devagar, os pés afundando nas tábuas velhas e rangentes. O cheiro de madeira úmida e lareira apagada me envolveu, trazendo conforto e inquietação ao mesmo tempo. Era como se o passado estivesse ali, me observando. Senti um arrepio subir pela nuca, mas ignorei. Eu estava cansada demais para sentir medo. Tudo o que eu queria agora era me esconder. Me esconder do mundo. De mim mesma.(Emily)A luz da manhã entrava pelos vidros da janela, pintando o quarto com tons dourados. Eu acordava sentindo uma calma inédita. Ao meu lado, Alexander dormia tranquilo, seu rosto suavizado pelo descanso, sem as marcas das últimas semanas turbulentas. Era um contraste impressionante com o que havíamos passado.Olhei para ele e, pela primeira vez em muito tempo, senti que tudo poderia dar certo. Tudo que importava estava ali, naquela simplicidade silenciosa.Levantei-me devagar, tomando cuidado para não acordá-lo. Caminhei até a varanda do nosso apartamento e respirei fundo. O ar fresco trazia uma sensação de renascimento. Eu precisava processar tudo, entender que finalmente podíamos virar a página.Lembrei de cada batalha que travamos: as brigas, as dúvidas, as mágoas que quase destruíram o que sentíamos. Mas também das pequenas vitórias, dos gestos de carinho, das promessas que resistiram ao tempo e às adversidades.Voltei para o quarto e sentei ao lado dele, observando seus olhos
(Emily)Dois anos se passaram.Os dias agora nasciam mais leves, como se a brisa suave da nova estação tivesse varrido todos os fantasmas do passado. Eu acordava cedo, envolta pelos lençóis de linho branco que Alexander insistiu em comprar quando nos mudamos para a nova casa em Florença. Sim, Florença. A cidade que um dia significou fuga e agora significava lar.A janela do nosso quarto dava para um jardim repleto de lavandas e oliveiras, um refúgio silencioso onde os ponteiros do tempo pareciam se mover com mais gentileza. Era ali que eu encontrava minha paz, com a caneca de café quente entre as mãos e o som suave de Alexander tocando piano na sala ao lado.Muita coisa mudou.Depois de tudo que enfrentamos — os enganos, as traições, os desencontros e, principalmente, as escolhas —, decidimos recomeçar. Não havia mais espaço para meias verdades. Conversamos por horas incontáveis antes de decidir que valia a pena tentar. Que o amor, apesar das cicatrizes, ainda pulsava forte.Naquela m
(Emily)As primeiras luzes da manhã atravessavam as cortinas do quarto como se anunciassem um recomeço. O mundo parecia suspenso no instante exato entre o que fomos e o que ainda podíamos ser. Havia algo de novo no ar, como se a tempestade estivesse finalmente se dissipando. Alexander dormia ao meu lado, os traços relaxados, como há muito tempo eu não via. A respiração ritmada dele era a confirmação de que, de alguma forma, a paz voltava a habitar aquele espaço entre nós.Passei os dedos com leveza por sua barba rala e ele se remexeu, abrindo os olhos devagar. Um sorriso preguiçoso apareceu em seus lábios.— Bom dia, meu caos bonito — ele murmurou, a voz rouca pelo sono.Sorri, encostando minha testa na dele.— Bom dia, meu amor.Não eram apenas palavras. Eram a confissão silenciosa de tudo o que havíamos superado. Estávamos cansados de guerras, de feridas abertas. Agora, tudo o que queríamos era construir.Depois do café, nos reunimos no estúdio com Sofia e Dylan. As coisas tinham mu
(Alexander)O som da chuva tamborilando contra os vidros do carro era o acompasso da minha ansiedade. Estacionei em frente ao prédio de Emily, o motor ainda ligado, mas meu corpo incapaz de sair. O que estava prestes a fazer exigia mais coragem do que qualquer contrato, qualquer ameaça, qualquer guerra que enfrentei. Porque agora se tratava de vulnerabilidade. De abrir o peito e entregar tudo. Sem jogos, sem mentiras.Finalmente desci do carro e, ao subir, fui recebido com um silêncio desconfiado. Emily abriu a porta com aquele olhar atento, olhos que um dia eram abrigo e agora pareciam muralhas. Ela usava um moletom velho e estava com o cabelo preso de qualquer jeito, mas nunca me pareceu mais bonita. Nunca me pareceu mais real.— A gente precisa conversar — falei, e minha voz saiu mais baixa do que eu pretendia.Ela deu um passo para o lado, permitindo que eu entrasse. Sentei no mesmo sofá onde tantas memórias haviam sido criadas e destruídas. Ela ficou em pé, os braços cruzados.—
(Emily)O dia amanheceu com uma quietude quase incômoda. Era como se o universo soubesse que eu estava prestes a tomar uma decisão daquelas que mudam tudo. Desde a mensagem que mandei para Alexander na noite anterior, minhas mãos não paravam de tremer. A ansiedade corroía cada pensamento, e eu sabia que precisava encontrar coragem para encarar o que viria.Sofia percebeu meu estado ainda no café da manhã.— Vai falar com ele hoje, não vai? — perguntou, me observando enquanto mexia distraidamente a colher na xícara.Assenti, sem conseguir esconder o peso em meu olhar.— Eu preciso disso, So. Preciso colocar tudo para fora. Saber se ainda existe um futuro para mim e para ele... ou se estamos apenas nos segurando em lembranças.Ela me deu um sorriso compreensivo, mas não disse nada. Algumas verdades precisam ser descobertas sozinhas.Encontrei Alexander no parque que costumávamos frequentar quando tudo era mais leve. Ele já estava lá, encostado no tronco de uma árvore, de camiseta escura
(Alexander)O silêncio da noite me envolvia como um velho conhecido. Desde que Emily voltou a se aproximar de mim, desde que nossas conversas deixaram de ser apenas farpas e se tornaram confissões em sussurros, eu venho me agarrando à esperança de que ainda há tempo. De que ainda existe uma chance para nós dois.Mas também sei que esperança é uma lâmina de dois gumes — ela pode curar, ou cortar fundo.Estava no meu escritório, os papéis espalhados sobre a mesa, mas meus olhos estavam vidrados na tela do celular. Nenhuma mensagem nova. Nenhuma ligação. Era a ausência dela que mais pesava, mesmo quando eu sabia que ela precisava de espaço. Depois do jantar tenso com Dylan — que agora tentava se reconectar conosco —, tudo parecia suspenso, como se estivéssemos todos prestes a mergulhar numa decisão que mudaria tudo.Fechei os olhos por um instante e me forcei a respirar fundo. Mas bastou a memória do toque de Emily, da forma como ela havia me olhado na última vez em que ficamos a sós, pa
Último capítulo