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Capítulo 3 – Olhos que Queimam

Emily acordou assustada. A escuridão do quarto era profunda, cortada apenas por um feixe de luar que escapava pelas frestas da janela. Seu corpo estava suado, o lençol embolado entre as pernas, o coração batendo como se tivesse corrido uma maratona.

Sonhara com Alexander.

Mas não era um sonho qualquer. Era algo intenso, visceral. Ela sentia até agora o toque das mãos dele em sua pele, o calor da respiração em seu pescoço. Era absurdo. Irracional. Ela mal o conhecia. E, mesmo assim, ele habitava seus pensamentos como uma sombra que se recusa a ir embora.

Levantou-se da cama antiga, vestindo apenas uma camiseta larga e meias. A casa estava silenciosa, exceto pelo ranger ocasional das paredes velhas. Desceu as escadas com cautela, atraída pela luz fraca que vinha da sala.

Alexander estava ali, sentado em frente à lareira, um copo de uísque na mão. A luz laranja do fogo dançava em seus olhos azuis, e por um instante, ele pareceu quase irreal — uma figura saindo direto de um pesadelo sensual.

— Não consegue dormir? — ele perguntou, sem virar o rosto, como se já soubesse que ela estava ali.

Emily hesitou, mas se aproximou.

—Tive um sonho estranho — confessou, sentando-se no sofá ao lado.

Ele bebeu um gole e a olhou de lado.

—Comigo?

Ela arregalou os olhos, surpresa.

—Como… como você sabe?

—Seu cheiro mudou quando desceu as escadas — disse, como se fosse a coisa mais comum do mundo. —Você ainda está tremendo.

Emily olhou para suas mãos. De fato, estavam levemente trêmulas.

—Você é sempre assim? Intenso… intimidador?

Alexander sorriu de canto, mas havia algo triste naquele sorriso.

—Só com quem eu percebo que pode aguentar.

Emily cruzou os braços, sentindo-se desafiada.

—E você acha que eu posso?

—Você chegou aqui em pedaços e ainda está de pé. Isso diz muito.

Houve um silêncio entre os dois. O fogo crepitava suavemente, e ela sentia o calor irradiando tanto das chamas quanto da presença dele.

—Por que está aqui, Alexander? Sozinho nessa casa?

Ele demorou a responder. Os olhos perderam o foco por um momento.

—Porque já destruí tudo o que toquei. Inclusive a mim mesmo.

Emily não soube o que dizer. Era como se, por trás da arrogância e dos olhares cortantes, houvesse um homem marcado por perdas que ela ainda não conseguia imaginar.

—Você não parece destruído — murmurou.

Alexander virou-se completamente para ela agora. O olhar mais intenso do que nunca.

—É porque aprendi a esconder as ruínas.

E então, sem aviso, ele se aproximou. Devagar, mas determinado. Seu rosto a poucos centímetros do dela. Emily sentiu o coração parar por um segundo.

—Você deveria ter medo de mim, Emily.

—Talvez eu tenha — sussurrou.

—Mas ainda assim não recua — ele respondeu, os olhos cravados nos dela. —E isso... é o mais perigoso de tudo.

Emily não se moveu. Seu corpo implorava por proximidade, sua mente gritava por cautela. Mas havia algo mais forte do que a lógica naquele momento. Uma força primitiva, magnética, que a puxava para ele.

Alexander, no entanto, afastou-se.

—Vá dormir — disse em voz baixa. —Antes que eu faça algo que você vá desejar e me odiar ao mesmo tempo.

Ela ficou ali por um instante, confusa, os lábios entreabertos. Depois se levantou, sem dizer nada, e subiu as escadas de volta ao quarto.

Mas naquela noite, o calor dos olhos dele queimou em sua memória.

E o desejo começava a se transformar em algo mais perigoso: dependência.

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