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Capítulo 5 – O Escritório Proibido

POV: Emily

A chuva voltou naquela tarde, pesada e espessa, como se o céu carregasse o mesmo peso que pairava sobre esta casa. Eu me peguei passando os dedos pelas lombadas dos livros na estante da sala de leitura, mas minha mente estava longe dali. Alexander saíra sem dizer para onde ia, e o silêncio que restara era quase insuportável. Havia algo sufocante nos cômodos, como se cada parede carregasse segredos não ditos, palavras contidas, à espera de explodir.

Já se passaram dois dias desde que cheguei. A casa, embora imensa, tinha seus próprios limites — e eu havia esbarrado neles mais rápido do que esperava. O sótão trancado. Os corredores do segundo andar, que pareciam sussurrar memórias mesmo quando não havia ninguém por perto. E, o mais enigmático de todos: o escritório de Alexander.

“Nunca tente descobrir o que faço quando estou trancado lá.”

A frase ainda ecoava na minha cabeça.

Talvez por isso fosse tão difícil ignorá-lo.

Meus pés me levaram quase sem pensar até o fim do corredor. A porta escura estava lá, firme e intimidadora. Madeira maciça, detalhes entalhados com uma precisão que revelava cuidado… e um aviso silencioso. Eu já havia passado por ali algumas vezes, mas nunca tão perto. Algo diferente me atraía agora. O silêncio por trás daquela porta não era comum. Era denso… como se escondesse um segredo prestes a escapar.

Encostei o ouvido, tentando captar qualquer som.

Nada.

Nem vozes, nem passos. Nem mesmo papéis sendo manuseados. Só meu coração, que parecia bater mais alto a cada segundo.

Respirei fundo e levei a mão até a maçaneta. Fria. Tentei girá-la.

Trancada, claro.

Já ia me afastar quando algo cortou o silêncio — um som agudo, metálico, raspando em pedra. Minúsculo, quase imperceptível, mas real. Meu corpo inteiro se arrepiou.

Dei dois passos para trás, engolindo o medo. Estava prestes a me virar quando ouvi outro som. Um estalo no chão de madeira atrás de mim.

Virei imediatamente. O corredor estava vazio.

Mas não parecia.

O ar havia mudado. Denso, mais frio. Uma presença invisível me observava. Eu sentia. Era como se alguém estivesse ali, dentro da minha mente, me estudando.

Corri de volta para o quarto. Fechei a porta com força. Minhas mãos tremiam, e eu forcei uma risada, como se pudesse enganar a mim mesma. Mas o riso morreu assim que meus olhos encontraram a cama.

Havia um bilhete sobre os lençóis.

"Curiosidade tem um preço, Emily. E nem sempre é o que você está disposta a pagar."

Sem assinatura. Mas eu sabia de quem era.

Alexander.

Um arrepio percorreu minha espinha, e não foi apenas medo. Foi a estranha certeza de que ele me observava mesmo quando não estava por perto. De que ele me conhecia tão bem… que conseguia me antecipar.

Como ele sabia que eu tinha me aproximado da porta? Como ele havia entrado aqui sem que eu percebesse?

Aquilo não era apenas controle. Era algo além. Algo obscuro.

Naquela noite, esperei por ele.

Fiquei sentada diante da lareira com o bilhete entre os dedos, ensaiando mentalmente o que diria. Raiva, confusão, talvez dor. Mas ele não apareceu.

E isso doeu mais do que qualquer confronto direto.

Tentei dormir, mas o sono foi leve, interrompido por sonhos inquietos. Quando amanheci, a cama ainda estava vazia. A casa continuava do mesmo jeito — bela, fria, e cheia de significados ocultos.

Fui até a cozinha com a esperança de encontrar um sinal. E encontrei.

Sobre a mesa, um envelope.

Dentro, havia um mapa da propriedade… e outra mensagem, escrita à mão, com a caligrafia inconfundível de Alexander.

"Já que vai explorar, comece pelo lugar certo. Mas esteja avisada: há partes de mim que até eu evito."

Fiquei imóvel, segurando o papel. As palavras pareciam pulsar, como se carregassem vida própria.

Eu não sabia o que ele esperava que eu encontrasse. Ou se queria que eu encontrasse algo de fato. Mas naquele instante, entendi que Alexander não era só um homem quebrado.

Ele era um labirinto.

E de algum modo, eu estava determinada a atravessá-lo.

Mesmo que isso significasse me perder completamente no processo.

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