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Capítulo 4 – As Regras de Alexander

Na manhã seguinte, o cheiro de café recém-passado guiou Emily pela casa. A luz do sol filtrava-se pelas janelas, revelando a poeira no ar e o desgaste dos móveis antigos. Apesar da rusticidade do lugar, havia algo aconchegante. Ou talvez fosse apenas a sensação de distância da realidade que ela havia deixado para trás.

Alexander estava na cozinha, mexendo uma frigideira com ovos enquanto segurava uma xícara de café preto na outra mão. Usava apenas uma calça de moletom cinza e o cabelo desgrenhado fazia parecer que havia dormido pouco — ou nada.

Emily desviou os olhos por um instante, tentando controlar a onda de calor que subia por seu corpo.

—Bom dia — disse ela, ainda um pouco tímida.

—Bom dia — ele respondeu, sem olhar para ela. —Café?

—Por favor.

Ele serviu a bebida em uma caneca e a entregou com um olhar que parecia pesar mais do que simples cortesia. Sentaram-se à mesa em silêncio por alguns minutos, ouvindo apenas o som da frigideira e o tique-taque de um relógio antigo pendurado na parede.

—Pretende ficar quanto tempo? — ele perguntou, quebrando o silêncio.

Emily o encarou. A pergunta tinha um tom neutro, mas havia algo por trás dela. Um aviso, talvez.

—Não sei. Só… preciso de um tempo pra pensar. Me encontrar de novo.

Alexander assentiu devagar.

—Se vai ficar aqui, há regras.

Ela arqueou as sobrancelhas.

—Regras?

—Sim. — Ele a olhou nos olhos. —Nada de entrar no sótão. Nada de sair à noite sozinha pelos arredores. E nunca, nunca, tente descobrir o que eu faço quando estou trancado no meu escritório.

Emily sentiu a garganta secar.

—Você é sempre tão… direto?

—É assim que as coisas funcionam comigo. Eu não dou espaço para interpretações erradas.

Ela mordeu o lábio, uma mistura de medo e fascínio crescendo dentro dela.

—Você não é como os outros homens — disse, mais para si mesma do que para ele.

—Graças a Deus, não — retrucou com um meio sorriso sombrio. —Mas isso tem um preço.

Emily apoiou os cotovelos na mesa e o observou com mais atenção. Aquele homem exalava controle, poder. Mas havia algo mais. Algo que se escondia por trás da fachada rígida — uma dor antiga, talvez. Um lobo ferido.

—E essas regras existem por quê? — ousou perguntar.

Alexander largou os talheres e a olhou com frieza.

—Porque essa casa carrega mais segredos do que você imagina. E eu não estou aqui para protegê-la deles… estou aqui para impedir que você os descubra.

Um arrepio percorreu sua pele. Emily se deu conta de que estava entrando num jogo perigoso, e Alexander era o tipo de jogador que não mostrava as cartas, mas controlava o tabuleiro.

—E se eu quebrar uma dessas regras? — perguntou, desafiadora, talvez impulsiva.

Alexander sorriu, mas os olhos continuavam frios.

—Então você vai descobrir o lado de mim que ninguém deveria conhecer.

O silêncio voltou, mais pesado desta vez. Emily não sabia se ele estava blefando ou sendo brutalmente honesto. Mas uma coisa era certa: aquele homem não era feito de metáforas.

Terminaram o café em silêncio. Quando ela se levantou, ele a observou como um caçador estuda sua presa — com fascínio e cálculo.

E enquanto subia as escadas de volta ao quarto, Emily percebeu algo inquietante.

Ela não estava com medo.

Estava curiosa.

E essa curiosidade seria, inevitavelmente, sua perdição.

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