O céu de Istambul amanhecia num tom acinzentado, um reflexo do meu coração naquele instante. Eu estava sentada no parapeito da varanda do hotel, vestindo apenas a camisa dele, com os joelhos encolhidos contra o peito. O gosto do vinho da noite anterior ainda estava em meus lábios, mas tudo que eu conseguia sentir era o gosto agridoce da dúvida.
Você dormia na cama atrás de mim. Estava exausto, e mesmo no sono, a tensão não saía do seu rosto. Baran Demir, o homem que me arrebatou de uma vida previsível e me lançou em um abismo de emoções cruas, violentas, intensas. Eu o amava — com a mesma intensidade com que o temia.
A noite anterior ainda queimava na minha pele. Seu corpo sobre o meu, sua boca murmurando palavras em turco que eu não entendia completamente, mas sentia profundamente. Havia uma urgência na sua forma de me tocar, como se soubesse que o tempo estava fugindo de nós. E talvez estivesse.
Ali, abraçada pelas brisas cortantes do Bósforo, eu pensava em tudo o que nos trouxe até