O silêncio do quarto era apenas aparente. Por trás das cortinas pesadas e do véu quente da madrugada turca, o som abafado da cidade ainda viva continuava como um sussurro constante. O ar parecia denso, carregado de promessas não ditas e de decisões que pesavam nos ombros de ambos.
Eu estava deitada ao lado dele, minha cabeça sobre seu peito nu, sentindo o ritmo irregular do seu coração. Cada batida parecia carregada de algo mais — medo, desejo, culpa. A ponta dos meus dedos traçava distraidamente as cicatrizes no seu abdômen. Baran estava em silêncio, mas não dormia. Eu também não. Nenhum de nós tinha coragem de quebrar a frágil paz que se formara após aquele reencontro.
— Você está pensando em fugir de novo? — minha voz saiu baixa, mas firme. Não era uma acusação. Era só uma pergunta. Um pedido de sinceridade.
Baran suspirou, sua mão deslizando pelas minhas costas nuas até repousar sobre a curva da minha cintura.
— Não. Não mais. — ele respondeu. — Mas isso não quer dizer que o mundo