A manhã chegou devagar, tímida por entre as frestas das cortinas pesadas do quarto de hotel onde eu estava hospedada. Meus olhos ardiam, não apenas pelo cansaço, mas pelas lágrimas que haviam secado em minha pele durante a noite. O travesseiro ainda tinha o perfume dele. Da última vez que estivemos juntos. Da última vez em que disse que o amava. Da última vez em que ouvi sua voz dizendo que tudo ficaria bem.
Mas não ficou.
Levantei-me com dificuldade, o corpo doía, não de forma física, mas como se cada músculo estivesse embebido em angústia. O silêncio no quarto era quase ensurdecedor. Peguei meu celular. Nenhuma mensagem dele. Nenhuma ligação. A última havia sido de Baran, no dia anterior, dizendo que seria melhor eu me afastar por um tempo.
“Por um tempo.” Essas palavras ecoavam na minha cabeça com a força de uma sentença de exílio. Como se ele me arrancasse do mundo dele como quem arranca um membro para sobreviver.
O chuveiro quente não foi capaz de lavar a dor. Vesti uma calça jea