A madrugada mergulhava Istambul em sombras espessas. A cidade, que nunca dormia por completo, sussurrava em meio às luzes distantes, aos carros apressados, aos segredos que deslizavam entre os becos. Eu, no entanto, não ouvia nada. O mundo parecia emudecido pela angústia que crescia dentro do meu peito, cortante como navalha, intensa como febre.
Você não estava em casa.
Depois da explosão no armazém e da noite tensa no hospital, Baran sumiu. E com ele, meu chão. Seus homens não diziam nada. Seu telefone, desligado. A única coisa que me restava era o silêncio — e a raiva crescente por ter sido deixada para trás.
Subi as escadas da mansão com passos firmes. Meus sapatos batiam nos degraus como um aviso: eu não estava disposta a aceitar mais desaparecimentos, mais meias-verdades. Quando abri a porta do nosso quarto, o vazio me engoliu. A cama estava feita, intocada. O perfume dele não pairava no ar. Era como se nunca tivesse estado ali.
Mas então, vi.
Um envelope repousava sobre o traves