Ana
Eu não sabia se queria gritar ou desmaiar.
Lex tinha um talento especial pra aparecer nos piores momentos da minha vida — e me fazer sentir uma mistura impossível de raiva, vergonha e… algo que eu preferia nem nomear.
— Ana, por favor — ele começou, a voz mais baixa, como se tivesse medo de me assustar. — Não precisa fingir que tá tudo bem. Me deixa te ajudar.
Respirei fundo, tentando manter a compostura. As pessoas no abrigo ainda olhavam pra gente, curiosas, cochichando. Eu odiava ser o centro das atenções, ainda mais agora, com o cabelo um caos, o rosto inchado de tanto chorar e o coração em pedaços.
— Eu já disse que não, Lex. — Cruzei os braços, tentando soar firme. — Eu vou dar um jeito.
Ele respirou fundo, passando a mão pelos cabelos, impaciente.
— Dar um jeito? Ana, você tá num abrigo! Isso não é "dar um jeito", é sobreviver!
— E o que você quer que eu faça, hein? — retruquei, erguendo a voz sem querer. — Que eu aceite seu dinheiro e finja que tá tudo bem? Que nada aconte