Lex
Cheguei em casa mas não parei de pensar nela. Nem por um segundo.
Passei a noite inteira ligando para abrigos, ONGs, hospitais, qualquer número que aparecesse na tela. O nome dela ecoava na minha cabeça como uma prece e uma tortura ao mesmo tempo.
“Ana Luiza, Ana Luiza, Ana Luiza…”
Até que, depois de dezenas de ligações e respostas vagas, uma voz cansada do outro lado da linha me disse o que eu precisava ouvir:
— Sim, senhor, temos uma Ana Luiza registrada. Ela chegou ontem à noite.
Meu corpo inteiro travou. Por um momento, o ar sumiu. Eu só consegui sussurrar:
— Ela tá bem?
— Está sim. Cansada, mas sem ferimentos.
Desliguei antes mesmo de agradecer. Peguei o casaco, as chaves e saí feito um raio. O motorista tentou dizer que podia me levar, mas eu nem ouvi. Eu precisava ir sozinho. Precisava ver com meus próprios olhos que ela estava viva.
O abrigo ficava em um ginásio municipal, daqueles velhos, com muros riscados e cheiro de umidade. O estacionamento estava lotado de carros de