Lex
Tentei trabalhar. Juro que tentei.
A mesa estava cheia de papéis, contratos, planilhas, tudo o que qualquer ser humano normal chamaria de "foco".
Mas eu só conseguia ver o rosto dela.
Ana.
A teimosa, orgulhosa, impossível Ana.
Desde que eu saí daquele abrigo, a imagem dela não saía da minha cabeça. A forma como ela me olhou — entre raiva, dor e medo — ficou gravada na minha memória como um soco que eu mesmo pedi pra levar.
Passei o dia inteiro me repetindo que tinha feito o certo.
Ela não queria minha ajuda, então eu respeitei.
Mas a verdade é que cada vez que eu lembrava dela sozinha naquele lugar, tentando parecer forte enquanto desabava por dentro, algo em mim doía.
Peguei uma caneta e comecei a rabiscar qualquer coisa só pra fingir que estava ocupado.
Mas até a maldita caneta parecia conspirar contra mim.
— Lex? — a voz de Natália, minha assistente, me tirou do transe. — Os relatórios estão prontos, quer que eu mande pra reunião de amanhã?
— Manda — respondi, automático.
Ela h