Ana

Acordar depois daquilo foi uma das experiências mais surreais da minha vida.

Tipo, como é que a pessoa levanta pra trabalhar normalmente depois de ser beijada — beijada mesmo — por um homem que consegue desconfigurar seu cérebro inteiro com uma única frase?

Spoiler: não consegue.

Eu passei metade da manhã encarando o espelho, tentando convencer a mim mesma de que aquilo tinha sido um surto coletivo do universo.

Mas a lembrança insistia em voltar.

A respiração dele.

A voz baixa.

O “então me diz pra parar” que eu, claro, não disse.

Droga.

O caminho até o café parecia um borrão. As pessoas passavam, os carros buzinavam, mas eu só conseguia pensar em Lex. No elevador. No beijo. E no “conversamos depois” que soava mais como uma sentença de morte emocional do que uma promessa.

Quando cheguei no café, Tamar já tava na porta, de braços cruzados, cara de quem tinha tomado um litro de café puro e decidido descontar tudo em mim.

— Novata! — ela gritou, antes mesmo de eu abrir a boca. — Você