Ana
Convite perigoso
Quando cheguei em casa, o primeiro som que ouvi foi o das teclas do notebook.
O mesmo ritmo firme, concentrado e um pouco irritante de quem trabalha como se o mundo dependesse disso.
Lex tava na mesa da sala, de camisa social e mangas dobradas, o cabelo um pouco bagunçado e os olhos presos na tela.
Parecia saído de um comercial de perfume caro.
Tipo, o cara que destrói a sua vida e ainda deixa você com vontade de agradecer.
Ele levantou o olhar assim que percebeu minha presença.
Aquele meio sorriso apareceu — discreto, mas suficiente pra me deixar tonta.
— Oi, Ana — ele disse, com a voz rouca, cansada e perigosa. — Chegou agora?
Balancei a cabeça, tentando fingir que era uma pessoa normal e não alguém que ainda sonhava com o beijo da noite anterior.
— Uhum. O café tava lotado hoje.
Mentira. Eu mal consegui ficar lá uma hora antes da Tamar me mandar pra casa.
Mas ele não precisava saber disso.
Ele se recostou na cadeira e me observou.
Aquele olhar dele era um tipo