Ana

Cheguei em casa com a cabeça girando mais do que um liquidificador no máximo. A cena no bar ainda martelava na minha mente — o sorriso dele pra ela, o jeito como ela encostou no braço dele, a risadinha leve... parecia uma cena tirada de um daqueles filmes que a gente odeia, mas assiste escondido comendo brigadeiro de panela.

Joguei a bolsa no sofá e fui direto pra cozinha. Precisava de água, café, qualquer coisa que me ocupasse pra não pensar. Mas quanto mais eu tentava esquecer, mais a imagem dos dois grudava na minha cabeça. Eu devia estar imune a essas coisas. Devia. Só que não.

Respirei fundo, tentando colocar um ponto final na minha própria novela mental, quando ouvi passos atrás de mim. O som firme, calmo, conhecido. Lex.

— Tá tudo bem? — ele perguntou, a voz rouca, meio baixa, como se estivesse pisando em ovos.

Olhei por cima do ombro, sem esconder o mau humor. — Tá, ué. Por que não estaria?

Ele deu aquele meio sorriso dele, o mesmo que me irritava e ao mesmo tempo fazia m