Ana
A casa inteira estava mergulhada no escuro.
Nem um fiozinho de luz.
Nem o pisca-pisca do roteador, nem o relógio do micro-ondas.
Nada.
Fiquei parada no meio da sala, sem nem respirar direito, o guarda-chuva apertado contra o peito como se fosse um escudo.
Lá fora, a chuva batia com tanta força nas janelas que parecia querer entrar.
E cada trovão fazia o coração pular mais alto.
“Calma, Ana. É só um apagão. A luz vai voltar. Tá tudo bem.”
Mentira. Não tava nada bem.
O silêncio da casa era pior do que o barulho da tempestade.
Dava pra ouvir o próprio coração batendo dentro da cabeça.
E, no meio desse silêncio, veio um barulho.
Tec.
Um estalo seco, como se algo tivesse batido na parede.
— Ola? — falei baixinho, como se isso fosse espantar o medo.
Nada.
Apertei o guarda-chuva com mais força e dei dois passos pra trás, tentando entender de onde veio o som.
Talvez o vento. Talvez alguma janela mal fechada.
Ou talvez… não.
Tec.
Outro som. Mais perto.
Agora vindo do corredor.
— Tem alguém