Título: Entre a Farda e o Fuzil Sinopse: No topo do morro, não tem lei. Tem nome. E o nome é Muralha. O Estado tentou derrubar. A mídia tentou apagar. Mas ele sobreviveu a tudo — tortura, traição, emboscada e bomba. Hoje, é lenda viva. É dono da boca, do morro, do medo. Onde ele pisa, o chão respeita. Onde ele fala, o silêncio obedece. Onde ele aponta, alguém morre. Não é só criminoso. É símbolo. É o trauma vestido de ouro. É a raiva armada até os dentes. E quem ousa subir seu território de farda engomada, precisa saber: Ali, não é justiça. É selva. Mas ela subiu. Sargento Alana. A menina que fugiu da favela jurando nunca voltar. Hoje, voltou com arma no coldre e veneno na alma. Porque o sistema apodreceu por dentro, e ela decidiu podar pela raiz. Só que Muralha… Muralha foi a raiz que ninguém cortou. Nem o tempo. Nem a bala. Nem o passado. Agora, eles tão frente a frente. Ela com a farda que pesa. Ele com o fuzil que governa. Duas potências que se conhecem demais pra errar. E se odeiam demais pra recuar. Entre eles, não tem paz. Tem morte anunciada. Entre a Farda e o Fuzil é guerra no osso, no olhar, na alma. É uma história onde ninguém é certo. Só mais armado. Mais frio. Mais preparado pra morrer — ou virar nome de esquina. Porque no fim das contas, essa história só tem duas saídas: Ou Alana mata o homem. Ou Muralha derruba o sistema. E quando um deles cair… O morro inteiro vai tremer.
Ler maisNarrado por Alana --- ANOS NÃO ALISARAM, LAPIDARAM O tempo passou. Não limpou nossas mãos, não apagou cicatriz. Só deixou as marcas mais nítidas — igual tatuagem que arde mas fica. Eu e Caio? A gente não virou santo. A gente virou constante. Um elo que nem bala quebra. Depois da queda da Daniela, parecia que a cidade inteira se voltou contra nós. Operação com nome bonito, político caçando palco, milícia fantasiada de empresa de segurança. Só que aqui nunca foi palco — aqui sempre foi trincheira. E a resposta foi simples: regra, rádio e rua. Quando a rua fala, a gente obedece. --- TRÊS NOITES QUE MOLDARAM NOSSO REINADO 1. A Madrugada do Viaduto. Eles quiseram fechar o Conquista pela fome. Quatro viaturas, drone baixo, farol comendo pista. Caio jogou fumaça, eu fui por baixo do viaduto com dois moleques, terceiro na retaguarda. Não teve poesia: teve silenciador, granada de luz e joelho ralado no asfalto. Resultado? O caminhão de mantimento chegou inteiro. De manhã, a pan
Eu e Caio descemos direto pra boca. A viela já tava fervendo, as notícias correndo mais rápido que o vento: Daniela morta, a base em chamas, polícia atônita. A quebrada olhava pra gente como se visse dois fantasmas de guerra. Só que vivos. Só que donos. No QG, Aziza já nos esperava, postura firme, como sempre. Do lado dela, Diguinho sentado, peito enfaixado, boca inchada, mas ainda com aquele ar debochado de quem não perde a chance de provocar. --- O AGRADECIMENTO Aziza se levantou quando me viu. Sem palavra nenhuma, me abraçou. Forte. Foi rápido, mas foi o bastante pra eu sentir o peso sair dos ombros dela. — “Obrigada.” — disse baixo, mas firme. — “Tu salvou meu irmão. Se não fosse tu, Julião já tava no chão, sendo mais um corpo sem nome.” Afastei devagar, segurei no rosto dela. — “Não agradece, não. A gente só protegeu o que era nosso. Julião é trincheira, e trincheira não se deixa tombar.” Ela assentiu, os olhos brilhando de orgulho e dor misturados. --- O DESABAF
📍 CAPÍTULO — SANGUE, FOGO E ADRENALINA Narrado por Alana --- O CORPO NO CHÃO Daniela jazia caída no meio da sala, o sangue espalhando pelo piso branco da delegacia como uma bandeira vermelha. Eu ainda sentia o peso da lâmina vibrando nos meus dedos, como se a faca tivesse virado parte do meu osso. Caio encostou a Glock na cintura, os olhos queimando como se fosse a primeira vez que me visse. E ele sorriu. Aquele sorriso torto, sujo, de quem nasceu pra viver no caos. — “Tá pronta, Fagulha?” — ele perguntou, voz baixa. — “Eu nasci pronta.” — respondi, cuspindo sangue no canto da boca e puxando o capuz da jaqueta. --- O INFERNO COMEÇA NA PORTA A gente saiu do gabinete como sombra. Eu puxei o capuz, Caio puxou o dele. Dois vultos em silêncio, mas com a adrenalina roncando mais alto que motor de moto em madrugada de baile. E então veio o primeiro policial no corredor. Ele mal teve tempo de abrir a boca. PFT! PFT! Dois disparos secos, abafados pelo silenciador que Caio en
📍 NARRADO POR ALANA (continuação — acerto de contas: loba contra cobra, sem plateia, sem desculpa) --- O PRIMEIRO MOVIMENTO Daniela largou o paletó sobre a mesa, como se aquilo fosse uma preparação de ringue. Os olhos dela queimavam ódio, mas o corpo se mantinha firme, postura de quem treinou a vida toda pra nunca dar as costas. — “Quer me matar, Alana? Então vem de frente. Sem tiro, sem emboscada. Vamo ver se tu é isso tudo mesmo.” Arrogância pura. Mas eu aceitei. Soltei a Glock sobre a cadeira, e o barulho ecoou como gongo de início de luta. Cerrei os punhos. Estalei o pescoço. Respirei fundo. E avancei. --- O CHOQUE DE DUAS FERAS Ela foi rápida, mais do que eu esperava. Primeiro soco veio direto na boca do estômago — pesado, treinado, cheio de raiva. O ar me escapou por um segundo, mas a dor só acendeu a chama dentro de mim. Respondi com um gancho de esquerda, que pegou de raspão no queixo dela. O impacto fez o batom borrar no canto da boca. Ela cuspiu sangue e
📍 NARRADO POR ALANA (continuação — a invasão, a hora da cobra) --- A CHEGADA AO COVIL A base da Daniela era uma fortaleza mascarada de quartel. Vidro limpo, portão eletrônico, duas guaritas. Policial em cada canto, farda engomada, arma na cintura. Mas fachada é fachada. E todo muro tem rachadura. Eu e Caio chegamos por trás, pela viela que a maioria nem sabia que existia. Ele matou o motor da caminhonete a uns cinquenta metros, me olhou no escuro, e falou baixo: — “Aqui é silêncio, Fagulha. Não é tiro de rua. É veneno na sombra.” Assenti. Vestimos os coletes leves, colocamos as máscaras pretas no rosto. Silenciadores encaixados. Cada movimento, ensaiado na mente. O coração batia forte — mas não era medo. Era a adrenalina do acerto. --- O PRIMEIRO GUARDIÃO Dois passos no mato e já avistamos o primeiro. Um soldadinho na guarita, segurando café, cochilando em pé. Muralha foi na frente. Um golpe seco no pescoço, o corpo caiu antes de pensar em
📍 NARRADO POR ALANA (continuação — briga de rua, sem escapatória, sem misericórdia) --- O PRIMEIRO SOCO É SEM CERIMÔNIA Ele veio com tudo. Punho fechado, cheio de ódio e testosterona inútil. Mas raiva não vence experiência. Eu me abaixei no reflexo, o soco dele passou zunindo pelo meu cabelo. Apontei o joelho direto na costela, e o estalo foi música. Vilela cambaleou, tossiu seco — já sentiu que não ia ser fácil. — “Não vai ter rádio, Vilela. Não vai ter reforço. Vai ter é chão, asfalto e tua cara ralada.” — rosnei, girando no próprio eixo. Ele veio de novo. E aí acertou. Um soco direto na boca. Doeu. Rasgou o lábio. Mas a raiva que me alimentava queimava mais que a dor. Cuspi sangue no chão e sorri. — “Isso é tudo que tu tem?” --- A COBRA TENTA PICAR Ele tentou usar o peso a favor, jogou o ombro contra mim, querendo me derrubar no baque. Não conseguiu. Eu rolei pro lado, chutei o joelho dele com força. Ele caiu de lado e tentou se reerguer na fúri
Último capítulo