capítulo 9 muralha

Narrado por Muralha

Acordei com o ronco da favela me chamando.

Helicóptero longe, moto subindo, grito de mãe mandando filho botar chinelo.

Música alta da boca, cheiro de café queimado e maconha misturado no ar.

É assim que o morro respira.

E eu respiro com ele.

Levantei da cama sem pressa.

Mas com propósito.

Tem coisa que o tempo não cura.

Só organiza.

E ontem…

bagunçou tudo de novo.

Abri a janela da laje e olhei pro alto.

O céu de sempre.

Mas a favela?

Ela sentiu.

Ela viu.

Ela sussurrou o nome dela na minha quebrada inteira:

Alana.

A mulher que voltou com farda… mas nunca deixou de ter sangue daqui.

Ela tentou bancar a durona, seguir o código dela, bater de frente comigo.

Mas ontem, na porrada, no tiro, no caos…

ela precisou de mim.

E eu fui.

Sem pensar.

Sem cobrar.

Porque a verdade é que não importa quantos anos tenham passado, quantas cicatrizes, quantas vezes ela tenha me virado as costas…

Se Alana sangra,

eu sangro junto.

E se for pra morrer,

é com ela no campo.

Ou contra ela.

A
Continue lendo este livro gratuitamente
Digitalize o código para baixar o App
Explore e leia boas novelas gratuitamente
Acesso gratuito a um vasto número de boas novelas no aplicativo BueNovela. Baixe os livros que você gosta e leia em qualquer lugar e a qualquer hora.
Leia livros gratuitamente no aplicativo
Digitalize o código para ler no App