Narrado por Alana]
O caminho de volta foi mudo.
Não por falta de palavras —
mas porque nenhuma delas ia caber no que eu tava sentindo.
Aquela sensação de ter sobrevivido por pouco...
e ainda assim, não poder contar a verdade.
Não por medo.
Mas por escolha.
Porque tem verdade que a gente só engole.
E deixa fermentar por dentro até virar munição.
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Cheguei na base com o corpo sujo e o olhar limpo de certeza.
Ninguém me esperava.
Ninguém me procurou.
Claro. Sabiam.
Ou fingiram que não sabiam.
Que é quase a mesma coisa.
Desci da viatura sozinha.
Passei direto.
Postura firme, sangue seco no rosto, arma firme na cintura.
Um fantasma passando por entre os vivos.
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Entrei no vestiário e lavei as mãos primeiro.
Depois os braços.
Depois o rosto.
Mas o gosto de guerra…
esse não saiu.
Troquei a blusa.
Prendi o cabelo.
Encarei meu reflexo como quem estuda inimigo.
E naquele espelho, vi o que ninguém via:
**eu não era só farda.
Eu era prova.**
De que tinha rato no sistema.
De que alguém tinha a