Era uma manhã comum quando Mariana recebeu um envelope grande, amarelado, sem remetente visível. Havia sido deixado na caixa de correio da Constela junto com os boletos da gráfica e um panfleto de pizzaria.
O envelope cheirava a poeira e lavanda.
Dentro, havia um manuscrito datilografado, com a primeira página escrita à mão:
“Meu nome é Osvaldo Mendes.
Tenho 82 anos.
Moro no Lar São Francisco há 14 anos.
Nunca publiquei nada.
Mas guardei essas palavras pra alguém que tivesse coragem de lê-las com os olhos da alma.”
No canto inferior, um pós-escrito em letra tremida:
“Se o nome Benedita significar algo pra vocês... talvez isso tenha chegado no lugar certo.”
Aurora interrompeu a leitura de um original para ouvir Mariana.
— Osvaldo Mendes?
— Você acha que é...?
— Eu não quero acreditar em coincidências.
Não depois do que Benedita escreveu no capítulo da memória dela.
Aurora abriu a caixa onde guardavam os arquivos impressos do projeto Raiz da Memória.
Encontrou a transcrição da história