O silêncio na casa de Aurora não era incômodo — era cheio de significados.
Desde que a primeira edição de O que Resta havia sido lançada, ela passava mais tempo sozinha, como se precisasse digerir tudo aquilo que as palavras de Mathieu haviam remexido dentro dela.
Na estante, o livro ocupava um lugar modesto, entre dois volumes antigos de Clarice Lispector.
Mas, para Aurora, ele pesava mais que todos os outros juntos.
Não porque ainda doía.
Mas porque, finalmente, não doía mais.
Era como encontrar uma fotografia antiga e perceber que a imagem já não traz saudade, mas gratidão.
Na Constela, o novo projeto — “Estações” — começava a tomar forma.
Era uma série de coletâneas temáticas, cada uma inspirada em uma estação do ano, reunindo textos curtos, memórias, fragmentos de vidas que nunca virariam romances, mas que mereciam ser ditas.
Mariana liderava o editorial da primeira edição: Primavera.
Davi, por sua vez, havia assumido a coordenação das oficinas de escrita criativa com jovens de e