Mundo ficciónIniciar sesiónDuas mulheres vivem realidades paralelas, conectadas apenas por uma tela: Luna, uma jovem solitária que sobrevive ao bullying escolar publicando lives sensuais, e Sophia, uma poderosa vice‑presidente de empresa em busca de inovação. Quando Sophia descobre a misteriosa performer, nasce uma obsessão recíproca. Seus mundos colidem na Faculdade de Tecnologia, onde Luna é contratada para liderar um ambicioso programa de inovação. Entre desejos ocultos e máscaras de poder, elas terão de enfrentar suas próprias emoções — e a possibilidade de um encontro que pode explodir tudo. ( ATENÇÃO: O ESTILO DO TEXTO É CORRIDO. )
Leer másAnos depois, uma nova manhã despertava a casa. Havia brinquedos no tapete, espalhados como se tivessem sido abandonados em uma explosão de alegria. Roupas pequeninas penduradas no varal da varanda, secando ao sol, com um leve cheiro de sabão em pó. Uma mochila da escola caída perto da porta, com um chaveirinho de dinossauro balançando ao vento, como se estivesse vivo. E no centro de tudo — como o sol entre constelações — havia uma criança. Ela se chamava Clara. Tinha os olhos curiosos e os gestos decididos, como quem sabia que era amada antes mesmo de entender o que isso significava. Tinha sido adotada com quatro anos, depois de muitas visitas, testes, conversas, esperas. Mas o instante em que correu para os braços de Sophia e Luna pela primeira vez foi o mesmo instante em que a palavra "família" ganhou uma nova definição no dicionário do mundo. Naquela manhã, Clara pintava. Sentada no chão, concentrada, rabiscava o que dizia ser "nossa casa voando". Sophia, do sofá, observava com u
As manhãs em Barcelona tinham um gosto diferente. Era como se o tempo passasse mais devagar ali — ou talvez fosse apenas o modo como Sophia aprendia a viver quando estava ao lado de Luna. O sol atravessava os vitrais coloridos da sacada e desenhava mosaicos no chão da sala. Era ali, entre almofadas espalhadas, livros abertos e o farfalhar dos dias simples, que elas aprenderam o que era paz. Houve dias difíceis no início. Ajustes de rotina, saudades do Brasil, barreiras com o idioma. Mas também houve dias sublimes. O primeiro dia em que Luna levou Sophia à praia de Barceloneta com os cabelos ainda molhados do banho e os dois pés descalços na areia quente. O dia em que Sophia acordou com a cama vazia, apenas para encontrar Luna na cozinha, de moletom e uma colher na mão, sorrindo com a panela de brigadeiro. E claro, houve o dia do cachorro. Ele surgiu como um acaso — ou uma armadilha do destino. Luna viu o bichinho encolhido embaixo de um banco na Praça de Sant Felip Neri, tremendo,
A luz de Barcelona tinha um jeito curioso de tocar as coisas. Suave, quase tímida, como se respeitasse os cantos do novo lar de Luna e Sophia. No apartamento em que viviam, havia agora vestígios de algo ainda mais raro que a paz: planejamento para um futuro conjunto. Vestígios de casamento. ** A decisão de se casarem fora recebida com entusiasmo pelos poucos amigos próximos que sabiam da relação. Bruno e Letícia, por vídeo, brindaram com café mesmo sendo manhã no Brasil. O sorriso deles era genuíno — e Luna sentiu que, apesar de todas as pontes quebradas, ainda havia laços que resistiam ao tempo e às distâncias. — O que você quer do nosso casamento? — Sophia perguntou certa noite, com a cabeça no colo de Luna enquanto assistiam à chuva cair na varanda. — Quero que tenha verdade — respondeu ela. — Que tudo o que a gente colocar ali seja nosso. Nem pompa, nem clichê. Só a gente. Sophia sorriu, brincando com o anel no dedo da noiva. — Então a gente faz do nosso jeito. ** Os dias
Barcelona era viva, pulsante, feita de curvas orgânicas e ruas que sussurravam histórias em cada esquina. Para Luna, a cidade parecia feita sob medida para um recomeço — ou talvez para um começo verdadeiro, livre de medos e disfarces. Elas haviam se mudado há pouco mais de um mês. O apartamento novo ficava num prédio antigo, com varandas cheias de hera e janelas altas que deixavam a luz entrar como um abraço. Sophia tinha conseguido transferir parte de suas responsabilidades para a filial europeia da Stuart & Co., e Luna havia sido convidada a integrar um projeto de inovação e saúde mental com startups locais. Mas não era só a paisagem que havia mudado. Desde a ruptura definitiva com os pais, Luna parecia mais centrada. Mais em paz. Ainda havia dias nublados por dentro, memórias que vinham de mansinho — mas agora ela as recebia com a mão de Sophia entrelaçada à sua. ** Era fim de tarde quando Sophia sugeriu o passeio. Não explicou muito — só pediu que Luna vestisse algo confortáv
A notícia chegou de forma quase banal: um e-mail formal, assinado com sobrenomes familiares, pedindo uma reunião. Luna encarou a tela do notebook com o estômago encolhido. O assunto era frio: “Reunião familiar - interesse em reconciliação e investimentos futuros”. Mas ela soube no mesmo instante — eram seus pais. Dois anos sem contato. Três anos e meio desde que a abandonaram. O que antes parecia um capítulo fechado agora voltava como uma sombra que se estendia pelos cômodos da nova vida que ela construíra com tanto esforço. Sophia apareceu na sala pouco depois, carregando duas canecas de café. Parou ao vê-la estática diante do notebook. — Luna? — perguntou com cuidado. — O que houve? Luna virou a tela sem dizer nada. Sophia leu o e-mail em silêncio, seu rosto ficando cada vez mais sério. — Eles têm coragem… — murmurou. — Depois de tudo? Luna assentiu, o maxilar tenso. — Querem marcar um jantar. Disseram que “estão de volta ao Brasil por um período indeterminado” e que
A primeira caixa foi a mais difícil de fechar. Luna passou a mão pelos objetos como quem acaricia fragmentos de si mesma: cadernos da faculdade, protótipos antigos do aplicativo, a caneca azul-clara que Sophia dera logo após a primeira apresentação, uma echarpe esquecida no fundo da gaveta que ainda cheirava a perfume barato e noites mal dormidas. — A gente tá mesmo fazendo isso, né? — murmurou, sentada entre caixas e sacolas, com o sol da tarde entrando pelas janelas. — Estamos. E não tem mais volta — respondeu Sophia, que se ajoelhou ao lado dela e beijou seu ombro de leve. Barcelona. O nome já havia se infiltrado nos detalhes do dia: contratos de transferência, passagens, aluguel temporário, apostilamento de diplomas. Sophia fora nomeada diretora da filial europeia da Stuart & Co., e Luna poderia finalmente se dedicar à gestão remota do app, com liberdade para estudar, crescer — e recomeçar, ao lado da mulher que mudara tudo. Elas tinham três meses até o embarque. Mas o tempo





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